19 março, 2008

Para a dor não há desculpas.


Acabo de ouvir a notícia. Dois jornais ingleses pediram desculpa ao casal McCann por terem escrito artigos que induziam os leitores a pensar que teriam culpa no desaparecimento (ou morte) da filha Madeleine.
De que serve agora pedir desculpa? Isso não apagará com certeza os maus momentos que os pais da menina passaram, sobretudo se essas acusações forem realmente falsas.
Quando toda a gente falava de Madeleine, por aqui evitei o mais que pude dizer o que quer que fosse. É que por cá, todos somos médicos, polícias e treinadores de futebol. Todos sabemos muito de tudo e somos facilmente apanhados nas malhas de certa imprensa que tenta vender seja a que custo for.
O que penso sobre o desaparecimento desta menina não tem a menor importância. Tenho compaixão por todas as crianças desaparecidas e pelos seus pais, familiares e amigos. Em Portugal, impressiona-me sobretudo o caso de Rui Pedro. E a coragem da mãe, sempre combativa, nunca disposta a desistir. Uma mulher que acredita que o seu filho está vivo algures em qualquer parte do mundo.
A menina espanhola, que esteve desaparecida durante cerca de um mês, apareceu morta. Pode parecer falta de compaixão da minha parte, mas acho que é pior não se saber o que aconteceu a um filho a ter a certeza que ele morreu.
Porque assim os familiares podem fazer o seu luto. Enquanto uma criança está desaparecida a esperança de ser encontrada com vida (como a rapariga holandesa que esteve sequestrada durante 10 anos e conseguiu fugir), não morre. Não acredito que um coração de mãe possa adivinhar que o seu filho está vivo. Acreditamos porque é isso que nos dá forças. Porque é nisso que queremos acreditar.
Por isso mais uma vez, dedico esta pequena prosa a todos os meninos desaparecidos, sequestrados, mortos e às famílias que jamais desistem de os encontrar.
E que de uma vez por todas os jornalistas (pretensos), deixem de escrever o que quer que seja que os obrigue a pedir desculpas mais tarde. Porque o estrago foi feito. Não há desculpas que reparem a dor.

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