15 janeiro, 2008

Até um dia destes, amiga.


Hoje faz um ano que partiste. Não queria falar disso, não gosto de aniversários como sabes, o que eu queria era apenas riscar este dia do calendário e fazer de conta que nunca existiu... mas é altura de enfrentar a realidade, não posso continuar a fugir e por isso ontem entrei na tua sala. Na que foi a tua sala. E sabes minha querida? Já não é a tua sala. É apenas uma sala. Uma sala como outra qualquer, uma sala sem vida, uma sala onde não está ninguém, uma sala que me dá a sensação de que quando voltar a ser ocupada não será mais uma sala. Não sei mesmo o que será... pronto sei: uma sala como outra qualquer. Uma sala que não tem um nome, uma sala de onde desaparece o teu cheiro, a tua presença que eu guardo em mim, sempre. Para sempre.
Choro enquanto escrevo, sabes. Não é por ti que choro que sei que estás bem. É por mim. Puro egoísmo. Choro pela falta que me fazes todos os dias, choro porque já não vens dizer bom dia à minha sala, choro porque não fiz aquela viagem contigo, choro só porque choro. Porque me faltas. Faltas-me terrivelmente.
Não sei se rezaram hoje alguma missa por ti. Quando me falaram disso, disse que não iria, como nunca fui, porque não acredito mas sobretudo porque, ainda que acreditasse não iria... tu não precisas de missas. Agora estás descansando e bem mereces. Por tudo o que sofreste, por todos os sapos que tiveste que engolir, pelo desespero de nunca quereres magoar ninguém...
Antes de acabar quero apenas dizer-te que o Daniel está internado mas está bem e a Carla acabou finalmente a sua licenciatura. Esta notícia foi a única coisa boa que me sucedeu hoje... sei que também tu ficas contente, tu que ajudaste tanto a que este sonho dela se realizasse.
Bem hajas por tudo. E até um dia destes amiga.

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