não construo pontes, limito-me a atravessar pontes. podem entender-me no sentido literal ou lateral da palavra. é verdade não construo pontes. atravesso-as.
quantas pontes atravessei hoje? não faço ideia, de norte para sul de sul para norte de oeste para este e de este para oeste e de novo de norte para sul e de sul para norte numa repetição nunca igual, usando as pontes para me afastar de ti.
primeiro as pontes serviam para me levar para ti. mas agora. agora uso as pontes para me afastar mais e mais até estar no infinito. porque como diz o poeta as palavras estão gastas e eu não sei viver com palavras gastas.
por isso me afasto de ti. para encontrar alguém que me ensine novas palavras, que me ensine o significado de cada palavra e de todas as palavras que gastámos para que se tornem novas de novo, para que voltem a viver e me deixem de novo feliz.
por isso atravesso pontes sem cessar. em busca de alguém que tenha palavras para me dizer. palavras que não estejam gastas. palavras novas e reluzentes de juventude, não essas palavras velhas que já chegaram gastas à tua boca. essas que eu não digo porque estão gastas. e eu atravesso pontes. para inventar novas palavras.
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