16 outubro, 2007

Todos os dias.

O homem bojudo caminha freneticamente, esperando assim perder o bojo, suponho... ficará tão cansado àquele ritmo que não voltará a ter coragem para fazer outra caminhada e viverá para sempre com o seu bojo, quiçá um pouco maior dentro de pouco tempo? Homem bojudo ouve o que te digo, desacelera e curte o passeio já viste quanta coisa bonita existe ao longo do percurso para apreciares? E se voltares amanhã verás que tudo o que te rodeia está diferente mas continua encantando os nossos olhos e os nossos sentidos...
Ali em baixo, num pedaço de areia deixado pela maré vazia, um homem alto e magro de slip azul come uvas que vai tirando de um saco... há bastante tempo que está a comer e parece-me que o saco tem um fundo falso... desisto e continuo, certamente o homem faz o milagre da multiplicação!
Uma mulher caminha de calções, parando com frequência para fazer exercícios que ninguém compreende o que os obriga a virar o pescoço para trás para tentarem perceber o que ela pretende com aqueles gestos que pretendem ser exercícios e serão certamente, que o facto de não nos serem familiares não quer dizer que não o sejam pois claro e mal acaba um desses exercícios retoma a caminhada cada vez com mais vigor o que me faz pensar que os exercícios que faz e provocam a admiração de todos, para além de existirem são realmente de muito boa qualidade quer para o corpo quer para o espírito...
Mais adiante uma mulher velha frente a um cavalete pinta o mar e as rochas numa pequena tela e fico surpreendida com a qualidade de cada pincelada e com a o quadro que vai nascendo de todo o movimento que a mulher observa olhando o mar...
São as pequenas coisas da vida pequena que levo e que tenho a ousadia de considerar tão bela e tão útil. Todos os dias.


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