30 outubro, 2007

E se...

E se o escritor escrevesse um romance e quisesse depois viver a estória que tinha escrito... E se o escritor dissesse que uma mulher de olhos grandes vê mais e melhor do que outra com olhos normais? E se o escritor fosse constantemente perseguido por um anjo da guarda que toma várias formas, mas sempre na forma de uma mulher, seja ela de que raça for... E se o escritor decidisse que afinal o que tem para viver é a vida do seu pai... E se o escritor não acatasse a decisão da comunidade e não casasse com a mulher que lhe destinaram mas com a sua mãe louca...
E se tudo o que o escritor tem cabe dentro de uma mala... se o escritor diz que não pode ter mais do que uma mala ou o barco vai ao fundo... e se o escritor nos diz que o que se junta na vida são algumas verdades e muitas mentiras... se o escritor nos diz ainda que quem lê se torna um perigoso assassino... e se o escritor regressa à sua terra natal, para ver o lorosae, do lado de lá do mundo e não reconhece a sua gente... se o escritor foge para os braços da mulher que o ama mas que o mandou procurar a mulher que está escrita no seu destino...
Se o escritor é arrancado de Santiago de Compostela e não encontra Finisterra?
Então podemos entrar no romance de Luís Cardoso, A última morte do coronel Santiago, e dar com ele a volta ao mundo sem sairmos do mesmo lugar...

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