Como dizia aqui ontem quando conheci o meu tio da América ele já era careca. Depois a conversa seguiu outro rumo mas como eu não sou mulher de voltar atrás no que quer que seja , deixei que seguisse o seu rumo que foi aquele que os meus dedos escolheram... a ver se hoje a cabeça manda alguma coisa... a ver.
Há 27 anos eu vivia nos Açores e vim ao continente para ter o meu filho mais novo, não porque tivesse receio de o ter lá (os dois mais velhos nasceram em Ponta Delgada), mas porque estava absolutamente sozinha e não tinha ninguém em quem confiasse completamente para cuidar dos dois mais velhos que tinham 3 e 1 ano respectivamente.
Acontece que enquanto eu estava cá de licença de parto, o meu tio João da América veio a Portugal e, por coincidência, morreu nessa altura, uma tia muito muito velha mas que se encontrava completamente lúcida e vivia sozinha. Não sei que idade tinha quando morreu, porque sempre a conheci muito velha (quando lhe perguntava que idade tinha, não passava nunca dos 82!) e muito sovina. Dava-me dinheiro e dizia-me para não contar ao meu irmão porque ela não tinha mais... a verdade é que a mulher tinha casado da primeira vez com um homem mais velho que ela 40 anos e que a deixou tão bem na vida, que logo que enviuvou casou com outro mais novo que ela 20 anos e a verdade é que também deste enviuvou, tendo-se conservado viúva ainda por uns anos até morrer... e aqui vou eu a fugir outra vez da careca do meu tio... isto é que é uma vida!
Pois a minha tia morreu e lá estávamos nós no funeral que se realizou em Almada onde a "velha" como todos lhe chamávamos se realizou. Foi mais ou menos no fim do Outono e estava um dia de muito vento. Eu ainda não tinha tido a oportunidade de estar com o meu tio da América, quando de repente vejo alguma coisa a voar literalmente da cabeça de um homem e então reconheci-o! O meu tio João saiu disparado atrás do capachinho que lhe fugia e foi um custo apanhá-lo, ai se foi!
Quando voltou a Portugal, tinha feito um implante de cabelo que estava muito bem feito, mas eu recordo sempre o meu tio da América, o tio João das férias da minha infância, careca como quando o conheci.
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