23 setembro, 2007

Honni soit qui mal y pense

Conheci a Joana ainda andava no colégio militar. Foi num fim de semana num bailarico. Sempre fui bom dançarino e a Joana acompanhava-me muito bem. Eu gostava de dançar com ela fitando aqueles olhos azuis. E assim iamo-nos vendo aos fins de semana. Ela era um pouco mais velha que eu, mas não parecia. Vinha de uma família bem humilde e trabalhava como vendedora numa loja para ajudar o orçamento lá de casa.
É claro que quando percebeu que eu era um bom partido arranjou maneira de fiar grávida e é claro que o meu pai confrontado com o facto pelo pai dela, me obrigou a casar. Naquela altura era assim e o meu pai sempre teve aquelas manias das honras e etc. etc. Não é que eu não gostasse da Joana mas não me sentia preparado para casar nem com ela nem com nenhuma outra mulher.
Porque o defeito que todos me apontam de ser "mulherengo" para mim é a minha maior qualidade. Eu adoro as mulheres e gosto de as fazer felizes. E faço. Então que mal há nisso? Um homem tem que cumprir aquilo para que está destinado e a minha missão nesta vida foi essa e cumpri-a o melhor que pude. Não acho justo que a Joana venha fazer de mim um monstro vulgar que ela sabe muito bem que não sou.
Além disso sempre trabalhei. Embora ela pense que o que eu fazia não era trabalho, não é verdade. Fiz de tudo um pouco nesta vida e até conseguia relatar para a rádio jogos de futebol, enquanto estava na cama com uma das minhas amantes. E dava sempre certo.
Se não dava dinheiro em casa sempre é porque tinha muitos encargos. Toda a gente sabe o que custa ter uma mulher (agora bem sei os tempos são outros, mas enfim naquela altura era duro), quanto mais duas ou três de cada vez!
Acabei por voltar a casar com uma rapariga da idade do meu filho mais velho, que não era nada agradável mas que tinha uma família de dinheiro e que me tem sustentado. Tive mais um filho com ela e pouco depois outro, com outra da idade dela... os meus netos são mais velhos que os meus filhos mais novos... toda a gente acha graça, menos a Joana claro, que não me perdoa o facto de eu ter conseguido sempre escapar a pagar a pensão de alimentos dos nossos filhos... em contrapartida dou-me bem com todos eles e se não me visitam mais é só porque não gostam da gorda com quem estou casado... desculpem lá, mas isto foi praga da Joana: é que a minha mulher é realmente muito mais nova que eu mas pesa 140kg!
E aqui ficou a estória completa e verdadeira. A Joana há-de acabar sozinha a remoer aquilo que ela acha que são as minhas maldades... E eu... eu hei-de morrer a fazer as mulheres que vou conhecendo felizes.
Ah!, e antes que me esqueça Maria Eduarda, havemos de sair uma noite destas para eu te agradecer o espaço e tempo que me deste, "comme il faut, ma chérie".

1 comentário:

lenor disse...

Tenho uma ideia: o Vitor quer morrer a fazer as mulheres que vai conhecendo, felizes; a Joana, bem disfarçadinha e à média luz, pode ser feliz todas as vezes que tiver um disfarce novo!