25 agosto, 2007

Viva a preguiça.

Morreu um homem. Apenas mais um homem. Que foi amado por uns e odiado por outros. Quem o amou lembrará com certeza o que mais o marcou na oralidade e na escrita deste homem que era diferente do comum dos mortais pela cultura imensa que detinha e que sabia partilhar com todos, não se remetendo como a maior parte dos intelectuais a um pedaço de olimpo...
Eu confesso que a crónica de Prado Coelho que mais me marcou, foi escrita há bastantes anos e era um elogio à preguiça. Que eu penso que é realmente uma coisa muito necessária na vida. Tão importante como comer, beber, trabalhar, preguiçar deve fazer parte da vida. Há gente que nunca preguiçou.
A senhora M por exemplo com quem convivi alguns anos, reformou-se aos 80 anos porque a isso a obrigaram mas continua a trabalhar para muita gente. A senhora M nunca teve um dia de férias, uma folga, nada. Quando o marido morreu ausentou-se apenas pelo tempo necessário para tratar e assistir ao mesmo... A senhora M há-de morrer sem perceber o significado lindo da palavra preguiça e achando que quem pára para dar um passeio, ler um livro, fazer uma viagem, enfim, será um calão, um parasita desta sociedade. Abençoada a senhora M, que tenha uma longa vida, sempre com muito trabalho como ela gosta.
Eu por mim estou com o Eduardo. Finalmente tens todo o tempo do mundo para exercer essa actividade importantíssima ao bem estar dos povos e das nações: preguiçar.
Daqui o meu abraço e a saudade que já sinto de ti.

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