Em que se transformou esse povo que eu sempre admirei, o povo cigano? Sempre achei que os ciganos eram gente com verticalidade que usava de pequenos truques para enganar os brancos e ganhar dinheiro, como a venda de peças de pano que nas suas mãos pareciam indestrutiveis e depois quando se queriam costurar, como que se "desmanchavam" tal era a falta de qualidade.
Lembro-me de brincar com a minha avó por ter ficado com uma peça de pano a uma cigana que aos olhos dela mostrou a qualidade da peça e depois a minha avó não conseguiu fazer nada daquilo... e olhem que a minha avó era uma costureira de mão cheia! Depois correu a cidade em busca da cigana, mas qual cigana qual quê... a mulher tinha tomado um chá de sumiço e a minha avó teve que aceitar que fora bem enganada e levar o caso para a brincadeira com a ligeireza que lhe era habitual.
Mas agora que é feito dessa gente? Ontem assisti a uma reportagem e fiquei chocada. Uma família cigana vive do rendimento de inserção social, no caso € 740,00 e levam o dia de papo para o ar, as mulheres cuidando de tudo e as crianças num monte de lixo que eles não apanham porque a Câmara não lhes dá um caixote! E acham preferível ter o lixo espalhado do que todo num monte... compreendo: dá menos trabalho ir deixando o lixo pelo caminho do que ter um sítio onde o pôr... deve ser a única família em Portugal que desconhece a existência de sacos de plástico. Durante 1 mês um deles desloca-se à socapa para a apanha do tomate e diz com muita verdade que ninguém lhe daria um emprego com aquele vencimento, portanto mais vale estar por ali sossegadinho....
Eu até posso compreender que os ciganos portugueses prefiram não fazer nada e receber o equivalente a mais do que um salário por isso. Os ciganos nunca foram burros. Por isso é que mantêm as tradições que lhes convêm como obrigar as mulheres a casar cedissimo, a parir e a tratar deles e da respectiva família, não lhes permitindo estudar senão até ao quarto ano do ensino básico na melhor das hipóteses. O que não posso é perceber que medo é este que o Estado tem dos ciganos. Um medo tão grande que os deixam conduzir sem carta, amedrontar a vizinhança, viver como bichos no meio do lixo, não cuidando da higiene básica das crianças... e ainda lhes pagam por isso. Se calhar em tratando-se de família no desemprego levam anos a atribuir-lhes o dito rendimento mínimo que quando chega já é tarde demais porque as dívidas se acumularam de tal maneira que já não há volta a dar à vida... pelo menos nos anos mais próximos.
Que pena haver tão poucos ciganos dos tempos do antigamente: os que ainda usam carroças e mulas e burros e andam como verdadeiras nómadas por esse país fora. Os ciganos de alma. Porque esta malta que se apresenta agora como ciganos são apenas uns párias... desculpem-me se meto tudo no mesmo saco, mas isto é revoltante.
Tenho vergonha de um país que se submete desta maneira a um povo. Que se deixa espoliar por medo. Tenho vergonha da cobardia do Estado que me cobra os impostos.
1 comentário:
Eis-me de regresso
Por onde tenho andado?
Não vou responder. Pelo simples facto, que sei, que não irias perguntar. Não és curiosa, isso sei-o de fonte segura.
Portanto, obvie-se a justificação da ausência e passe-se ao comentário própriamente dito.
:))
Quando era puto, nasci em Algés, quando era puto, dizia eu, havia muitos ciganos em Algés, já radicados, mas subsistindo da venda ambulante. Na escola primária que eu frequentava, frequentacam tambem miudos ciganos, jogavamos todos à bola, à apanhada e sei lá mais o quÊ...ah, afinal sei, andávamos sempre à porrada, com direito a cacholas partidas e tudo. Tal e qual como manda o figurino. E nem se pode dizer que no fim éramos todos amigos, porque quando saíamos da escola era frequente irmos (os mais reguilas) para um campo onde hoje existe uma urbanização e, ciganos de um lado e não-ciganos do outro, era pedrada de criar bicho. Cabeças partidas era milho e quando no entusiasmo nos aproximávamos mais era mesmo ao soco. Nem me lembro concretamente o que provocava de ambos os lados tamanha rivalidade, mas sei de certeza que não era uma questão de xenofobia. Hoje, estou mais disposto a andar à pedrada com esses caramelos (apetecia-me escrever outra coisa em vez de caramelos) que tal como dizes lixam quem trabalha e paga impostos, beneficiando esses tipos que não precisam de se preocupar com casa, ´água, luz, saúde, impostos, etc.
Para te ser muito sincero Querida amiga, não sei quem é mais cigano.
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