Então falemos de um Portugal que eu pensava já ter terminado e que hoje se me revelou... pensando bem o que assisti hoje e a volta à Portugal até acabam por ser uma e a mesma coisa: o país real que eu esqueci que existia à força de me ligar aos sítios da Internet e poder escolher as minhas companhias. Pois esqueci que no fundo este pequeno país, continua pequeno, apesar das roupagens que lhe tentam enfiar... acaba por parecer vestido de farrapos: como eu!
Pois. Fui hoje à estação do oriente em Lisboa, local que conheço muito mal porque não costumo frequentar desde a longínqua Expo e às vezes uns almoços com amigos mas isso é mesmo na parque das nações frente ao rio... ali do lado norte não conhecia nada. Por isso perguntei à minha querida amiga e mãe do meu neto Daniel, que vive para aquelas bandas que me me indicasse o caminho, o que ela fez com uma sabedoria tão grande que eu fui lá ter direi tinha sem nunca me enganar pelo caminho: é obra! Pelo menos para mim...
Chegada à dita estação e uma vez que era cedo para a hora da chegada da pessoa que ia buscar, estacionei o boguinhas no parque de estacionamento subterrâneo que ali existe, com a menção de que é "barato"... pois se calhar até é mas já lá vamos...
Estacionado o meu lindo carrinho vou à procura da paragem das camionetes onde vem a pessoa que fui buscar. Vejo uma série de ruas, cada uma com indicação das empresas de camionagem respectivas. Por fim encontro a que eu pretendo. Antes disso perguntei a um tipo (procurei o mais giro que vi e fiz bem, porque além de giro era simpático) se ali se faziam as partidas e chegadas e ele disse-me que sim com um belo sorriso. Agradeci com outro sorriso e continuei até à paragem pretendida. Era cedo. Como sempre estava bem adiantada e existem por ali uns bancos corridos onde me sentei disposta a esperar.
Entretanto chega-me às narinas um cheiro bem desagradável e uma mosca teima em roçar-me a cara. Olho para o chão e está repleto de lixo: beatas, restos de bebidas e comidas, enfim... um verdadeiro esterco! Na outra extremidade do banco estava outro homem. De uns 60 anos com um aspecto vulgar... mas quando para me certificar lhe perguntei se era ali a chegada das camionetas respondeu-me com um ar de superioridade que não sabia, que "eles" só estavam interessados em vender bilhetes, que este país era uma roubalheira... às tantas até tinha razão só que eu até pago os meus impostos a tempo e horas não tenho nada que ver com a infelicidade dele... depois, parei um pouco e olhando para mim percebi porque é que o senhor me tratou tão mal: eu trazia umas calças de ganga esfarrapadas e ele deve ter pensado que era bom descarregar aqui na pedinte! Pois fez muito bem que assim já fiquei a saber como se sentem os sem abrigo quando perguntam alguma coisa aos seus concidadãos que trazem as calças com o vinco como deve ser... apetecia-me dizer "comme il faut" mas se calhar fica mal na minha nova condição... de mendiga!
Para terminar: de volta ao parque e quando fui pagar a máquina indicou € 0,80 e eu pus € 1,00 na ranhura... não me deu troco! Se calhar é por isso que o parque pode ser barato!
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