Há dias assim. A saudade aperta e não há nada a fazer. Penso que vou ter que passar pela tua porta e vou continuar a não conseguir entrar. Não me perguntes porquê. Eu sei que gostarias que entrasse. Mas não sou capaz A sala tornou-se uma coisa. Uma coisa sem vida. Porque tu não estás lá. Penso no que farei quando a sala for ocupada por outra pessoa. Como conseguirei entrar quando tiver mesmo que ser. Quando não puder pedir a alguém que o faça por mim. Como farei?
A tua presença tem dias assim. Dias em que estás comigo mais tempo e mais intensamente. A olhar o mar, sentadas na areia, a brincar com coisas sérias e tu sempre a dizer-me o jesus castiga, não sejas mázinha e a rir, sempre a rir, sempre a rirmos.
E depois almoças comigo, melhor dizendo petiscamos que nem uma nem outra somos de almoçaradas. Pelo menos comigo é assim. Há quem diga que gostas de almoçaradas mas eu nunca dei por isso. Aprecio a tua companhia e isso é que faz do que comemos o almoço. O riso, a maldadezinha sem segundas intenções só para desabafar, só para dizer que estamos aqui, estamos bem, nenhuma de nós partirá nem hoje nem amanhã nem nunca.
Apenas me aflige a sala. Não sei como fugir da sala. Não sei como enfrentar a sala quando não for mais a tua sala. Desculpa. Não é já a tua sala... sei lá. Não se explicar. É mas não é uma vez que não estás lá para lhe dar vida. Uma vez que partiste e deixaste tudo intacto. E depois houve quem mexesse nas coisas. As tuas coisas. Eu não gosto que mexam nas tuas coisas. Preferia não saber. Faz-me impressão pensar que alguém mexe no que é teu. Será sempre teu. Não gosto de saber que se sentam na cadeira em que te sentaste tanto tempo. E nessa altura era apenas uma cadeira. Só depois se tornou na tua cadeira. Não sei como viver com isto. Não consigo arranjar maneira.
Agora só quero continuar como estamos. As duas aqui. A rir. A brincar. E neste momento a sala não existe. Não existe, pronto!
1 comentário:
Eis-me de regresso
Por onde tenho andado?
Não vou responder. Pelo simples facto, que sei, que não irias perguntar. Não és curiosa, isso sei-o de fonte segura.
:))
Afinal somos mesmo, todos eternos.
O António tinha razão ao enunciar o princípio que passou a ser a sua lei... Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
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