15 agosto, 2007

Só para sobreviver


Atravesso Lisboa pela segunda circular. Chove. Chove e eu tenho a sensação de que a chuva é bem vinda. Tenho saudades de caminhar à chuva. Dirijo em direcção à ponte Vasco da Gama e a chuva vai caindo, cada vez mais forte. A meio da ponte começa a rarear, sinto o sol bater-me na cara, penso a chuva fica em Lisboa e eu aqui, olhando o rio que corre sossegado, este rio que não sabe porque é que chove na margem direita e não na margem esquerda...
Conduzo só por prazer, porque me apetece fugir de ti, de mim, de nós da nossa estória que é a única que conheço que não tem princípio, meio e fim... Porque parece que nunca começou, logo nunca aconteceu, nunca poderá terminar... olhamo-nos como estranhos que se querem. Temo-nos e depois fica um sabor de e agora o que é que fazemos? Somos tão diferentes, não há nada em comum, nada de amor, só desejo... mas é claro que tu dizes que não. Que não seria possível manter uma relação assim sem amor... mas é! Tu não sabes, tentas mentir a ti mesmo, porque as convenções dizem que uma relação destas só se mantém com amor. Mas é mentira meu querido. Sabes... neste mundo tudo é possível. Podemos inventar o que quisermos, com eu te invento todos os dias. É preciso sobreviver... já ninguém acredita que pode viver senão as crianças. Sabemos que para sobreviver temos que nos reinventar todos os dias, interpretar novos papéis... e é preciso fazê-lo bem feito. É preciso mostrar a todos que somos capazes... de sobreviver.

1 comentário:

Bartolomeu disse...

As relações humanas muitas vezes são difíceis, naquilo que se relaciona com sentir, amor, paixões, parece que essa dificuldade aumenta. Persiste sempre a incerteza acerca do que o outro deseja, se está ou não na mesma "onda", ou seja, se quer o mesmo que nós.
Mas, é sempre necessário que um dê o primeiro passo, pondo em prática a velha teoria universal da causa e do efeito.
Manda-te Maria Eduarda, não te fiques pelas conjecturas.
:)