Mas dizia eu que o meu amigo estava atrasado (de facto não apareceu) e ainda bem. Porque ao lado da minha mesa estava um velhote de cabelo e barba brancos, desdentado mas com um ar de verdadeiro senhor... perguntou se me podia fazer companhia uma vez que estávamos ambos sós e eu disse que sim com todo o prazer como mandam as regras da boa educação e a partir daí o encanto por aquela personagem, pelas estórias, pelas ideias que expunha foi de tal maneira grande que o dono do café teve que nos dizer que era preciso fechar a casa, porque nem eu nem ele nos apercebemos da passagem das horas...
Contei esta estória a vários familiares e amigos que acharam que eu estava a exagerar na importância que dava ao senhor, de quem afinal nem sabia o nome... tratei-o sempre por senhor e ele a mim por menina...
Para minha surpresa um dia, passado pouco tempo, a fazer zapping vejo o meu "amigo" e descubro que tinha estado a conversar uma noite inteira com o professor Agostinho da Silva. E a partir daí não mais perdi um único programa ou livro do professor...
Ando há tanto tempo para contar aqui esta estória tão simples mas vou sempre adiando... mais uma vez tenho que agradecer ao Bartolomeu: não fosse o teu último comentário e ainda não era hoje que eu falava do melhor encontro da minha vida... O dia em que fiquei a saber que "o homem não nasceu para trabalhar, mas para criar"
2 comentários:
Maria Eduarda,
deixaste-me sem fôlego...
tenho descoberto entre nós um número de afinidades que me deixa um tanto pensativo.
Na época em que passaram na televisão as séries das conversas vadias, não sei se te recordas, fiquei "apaixonado" primeiro pela pessoa do professor e depois pelos seus pensamentos.
Estive quase determinado a tentar visita-lo, soube que residia na travessa do abarracamento de peniche se não estou em erro, e que passava tempo no jardim do príncipe real.
Não fosse a minha timidez e a pre-concepção que iria ficar embasbacado perante a sua envergadura e teria mesmo ido lá.
Tiveste muito mais sorte Maria Eduarda, o destino colocou-o no teu caminho.
Tenho alguns livros de conversas reproduzidas por alguns jornalistas e confesso-te, leio-os e releio. Não me canso de absorver aquele espírito aquela forma de ver o mundo, de o entender e de lhe encontrar um rumo.
Cada vez mais, sinto que faz falta ao nosso país, não um, mas uns milhares de Agostinhos da Silva.
Pois é Bartolomeu. A vida tem-me reservado algumas boas surpresas. Este senhor foi a melhor de todas... mas não foi a única!Eu vou contando por aqui, à medida que me vou lembrando...
Beijo.
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