Há quem goste de se sentir em casa. E provavelmente sendo meticuloso em casa será em qualquer lado...
Isto serve para iniciar uma croniqueta que ando há dias para pôr aqui. E como não me apetece falar de António Costa e da CML, nem de coisas tristes, decidi passar hoje aqui para o ecrã uma figura curiosa que "conheci" por um dia destes.
Então o homem que há-de andar por volta dos 60 anos, chega à praia, escolhe uma rocha bem alta (escolheu o primeiro dia e a partir daí instala-se todos os dias no mesmo sítio que ninguém está interessado em disputar a pedra gigante com ele, havendo tanta areia para estender as toalhas...), monta um chapéu de sol que deve ter seguramente 20 anos mas que está em bom estado de conservação, a verdade tem que se dizer, estende um colchão fininho, abre um rádio de pilhas que quem está nas proximidades tem que levar com a estação preferida dele, besunta-se dos pés à cabeça tendo o cuidado de levantar o calção de banho para chegar às virilhas e, finalmente, passados cerca de 45 minutos, estende-se a ler o jornal.
Fica todo o tempo na sua "casa" na rocha. Como eu quando era miúda e construía a minha "casa" nas árvores.
Não se i se fica todo o dia ou não porque me retiro cedo.
Mas hoje tive mais uma surpresa. Acontece que o senhor já tinha estacionado o carro quando eu cheguei. É um carro de gama média que ele trata como se fosse um bebé. Pois não é que ele cobre o carro com um daqueles panos próprios para isso e que as pessoas costumavam usar quando as suas viaturas tinham pouco uso?
Se eu não o visse chegar todos os dias, pensaria que o homem ia acampar por ali uns dias.
Extraordinário este senhor. Pôs-me a pensar que provavelmente toda a vida viveu só e arranjou estes pequenos pretextos para preencher o tempo e enxotar a solidão... ou posso estar enganada, não ser nada disto e ser apenas alguém muito mais cuidadoso e meticuloso do que eu... Mas mesmo assim devo dizer-vos que a frase que me vem à cabeça é: haja paciência!
2 comentários:
Maria Eduarda, imagina só a sorte que tiveste, por não te teres apaixonado por aquele senhor.
Não era por mais nada, era só porque tinhas de ajudar a colocar a capa no pópó todos os dias e depois ainda tinhas de galgar a rocha. E se falhasses na terafa, o mais provável era o "gajo" olhar-te de ladecos, abanar a mechela, e no meio de dois tzzz...tzzz..., atirar-te com um "haja paciência"
Adoro-te Maria Eduarda!!!
Também te adoro Bartolomeu!!!
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