Aqui há dias, Paulo Kellerman assegurava-me, perante a minha descrença, que o amor existe e não se trata apenas de algo inventado, como as religiões, para nos ajudar a sobreviver aos terremotos ou maremotos desta vida. Quando tinha a idade de Paulo também eu acreditava piamente que as coisas eram assim... e talvez sejam. Talvez eu seja apenas uma daquelas mulheres que são de um homem só, por muitos que passem na minha vida... mas não sei.
Na realidade o homem de quem diria que foi o amor da minha vida, não o escolhi. Deixei que me escolhesse. Nada ou muito pouco tínhamos em comum. Não gostávamos dos mesmo filmes, dos mesmos livros, e na música também havia algumas divergências de fundo. No entanto ele era o amor da minha vida e por isso eu levei anos a ver filmes que detestava e a ouvir opiniões que não tinham nada a ver com o que eu pensava. Nem o clube de futebol era o mesmo, vejam bem...
Por isso o que me trouxe unida a esse homem durante tanto tempo? O amor. Só podia ser. Só que, como muito bem diz Carlos Tê não se ama alguém que não ouve a mesma canção... e bastou que a confiança fosse quebrada para que me fosse impossível voltar a pensar em amar aquele homem. Hoje somos bons amigos mas quando estou com ele o coração não bate mais forte, como bateu durante muitos anos.
Depois disso vários homens passaram na minha vida, uns com mais outros com menos importância. Julguei até que me tinha voltado a apaixonar por um deles. Mas era ilusão, uma vez que o retirei da minha vida com uma facilidade assustadora... até para mim. E daí para cá convenci-me de que o amor não existe mesmo e que é realmente uma invenção para podermos ir levando mais facilmente uma vidinha, a maioria das vezes sem um objectivo que valha a pena. E quando os filhos estão criados e os netos nos babam com as suas gracinhas, parece que já não é necessário alguém a mais... ou que ,mais alguém estaria realmente a mais... Porque só com um grande amor se vive feliz com alguém que nos enche de presentes, mas nenhum deles é o que gostaríamos de ganhar. É apenas o que ele gostaria que ganhássemos...
Vidinha complicada, hein?
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