14 julho, 2007

Dois dedos de conversa


Primeiro dedo
Costumo almoçar quando trabalho ao sábado, num restaurante, sempre o mesmo, e é costume ser atendida sempre pelo mesmo empregado. Género atrapalhado mas como quero sempre a mesma coisa ele só pergunta se é o costume e, se digo que sim, ele repete o que eu quero do primeiro prato ao café, passando pela bebida. Certinho. Sem enganos. Rapidíssimo.
Hoje o restaurante era o mesmo mas o empregado vi-o ali pela primeira vez. Homem da minha idade mais ou menos, ficou atrapalhado quando pedi tudo de uma vez como de costume. Pediu-me que fosse pedindo uma coisa de cada vez e tratou-me por menina.
E voltei aos velhos bairros desta Lisboa que está há anos cheia de velhas meninas. O costume foi-se perdendo, por isso hoje achei tanta piada ao empregado que se dirigia a mim por "menina" de cada vez que se queria certificar de alguma coisa que eu pedira.
A minha tia avó tinha uma loja género retrosaria em Alfama, mas onde havia um pouco de tudo: de pronto-a-vestir a sapatos, ou como dizia o empregado, o senhor Correia, "aqui temos tudo desde a agulha ao alfinete", às meninas de 80 anos que entravam porta adentro, para fazer os seus "avios" e depois deixavam as contas penduradas no sebento livro de dívidas dos clientes.
Vai-se perdendo, mas afinal ainda existe a Lisboa das "meninas".

Segundo dedo
Ouço com espanto que alguém põe em causa os objectores de consciência. Parece que há quem pense que há médicos que objectam consciência para praticar a IVG nos hospitais públicos para depois a praticarem nos estabelecimentos privados, uma vez que esta situação não está prevista na lei. Melhor: não está explícita.
Ora isto faz-me uma imensa confusão. Então alguém que é objector de consciência é um vigarista que quer apenas ganhar mais algum por fora?
Não quero acreditar que haja quem objecte consciência com esta visão. Porque me parece que essa situação seria completamente indigna de profissionais como os médicos.
Prefiro pensar que se trata apenas de umas cabecinhas "sujas" que resolvem levantar este tipo de questão.
Tomara que não seja eu quem esteja enganada...

2 comentários:

Bartolomeu disse...

Não sei se encontrarás tantos motivos assim para que te consideres enganada, minha querida Maria Eduarda. Sabes? Ultimamente os médicos já não juram Hipócrites, e a cena da defesa incondicional da vida, já tive interpretações mais claras e menos ambíguas.
Tens de me dizer qual é esse restaurante onde almoças aos sábados, quem sabe apareço por lá, assim como quem não quer a coisa, só para te conhecer e dar 2 dedos de conversa.
:)*

Maria Eduarda disse...

Até te dizia. Mas não aqui meu querido Bartolomeu. Imagina que me começam a aparecer todos os admiradores... Balha-me Deus!
Beijo.