30 junho, 2007

Recordações num sábado ao fim da tarde

Lembras-te da senhora Júlia, a velhota que fazia as suas refeições no Nacional? Sim aquela que dizia que lhe apetecia pegar-me ao colo, quando eu estava grávida do Rui, porque eu lhe parecia um bebé. Lembro-me dela de vez em quando. Sobretudo quando me falam no tamanho dos meus pés e das minhas mãos.
Quando as pessoas olham os meus pés e mãos devem ficar com a sensação de que eu sou muito mais pequena do que sou na realidade.
A verdade é que as pessoas têm tendência a diminuir o meu tamanho. D faz isso sempre que me vê e fala às amigas dos meus pés e das minhas mãos terminando sempre com a expressão se visses!
Adélia também fez o mesmo quando me viu com os pés à mostra. Disse que eu era "toda muito pequenina mas muito bem feitinha". Acontece que tenho a estatura de uma mulher vulgar, 1, 60m e cerca de 50kg de peso. É verdade que a minha ossatura é estreita o que faz com que eu pareça mais pequena. Falsa magra como às vezes me dizem os empregados das lojas e eu peço um número e eles querem dar-me um mais pequeno. Falsa uma gaita. Que culpa tenho eu de ter nascido assim, de osso pequeno? Mas como dizia o meu pai, sou um osso duro de roer. Na verdade tão duro que nunca parti nenhum...
Não sei porque te falo nisto. Estava à janela, o fim de tarde está bem bonito, o cabo Espichel está mesmo aqui ao pé de mim, a luz está um espectáculo e eu lembrei-me da velha senhora Júlia que não sei se ainda é viva, mas se for é realmente muito velha... quase tanto como esta paisagem linda que eu vejo todos os dias e de que nunca me canso. Se calhar porque nunca é mesma.

Sem comentários: