Há dias uma colega dizia-me pela enésima vez que não dissesse sempre o que penso, que não brincasse tanto que não escrevesse neste blogue "coisas da política". Acontece que o que ela chama de coisas da política eu chamo de coisas da vida (se não se tratasse da minha vida, da vida de todos nós, estava-me nas tintas). Acontece que eu pensava que vivia num país com liberdade de expressão. Acontece ainda que me corre nas veias este sangue que faz com que brinquemos com coisas sérias, que tratemos tragédias como comédias, e se não fosse isso não sei como seria possível suportar a tristeza que me inunda todos os dias com notícias que eu, ao ouvir pela primeira vez, julgo que tenho que consultar um especialista porque os meus ouvidos não estão a funcionar...
Só que depois ouço uma e outra vez. Vejo o responsável falar em regras (pelos vistos as regras só têm aplicação num sentido e parece-me que é o mais à direita possível). E então acredito. Acredito que vivo num país novo, um país inventado, um país onde não posso brincar, não posso rir, não posso dizer o que penso sem correr o risco de ir parar a tribunal ou de ter um processo disciplinar.
E penso se foi realmente este o país onde se fez uma revolução com cravos vermelhos...
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