25 junho, 2007

Há coisas que nunca mudam

Não sei porque me lembrei há pouco desta estória, mas qualquer coisa dentro de mim diz que foi o Joe. Exactamente esse. O que está agora na berra todos os dias em todos os noticiários qual salvador da pátria...
Pois a estória tem quase 30 anos e passou-se em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores.
Eu era uma jovem funcionária pública com miopia. As luzes que se usavam no local de trabalho não ajudavam. Então uma colega mais velha que se queixava do mesmo "convidou-me" a consultar um oftalmologista. E lá fomos as duas.
Após várias horas na sala de espera (o médico demorava cerca de uma hora com cada paciente e ambas tentávamos perceber porquê mas só nos vinham à cabeça maroteiras) lá fomos chamadas. Entrámos juntas. Fui consultada em primeiro lugar e cheguei a pensar que o meu caso era muitíssimo grave, uma vez que de cada vez que o médico (um homem já de idade bem avançada) me colocava um par de lentes eu via pior do que com as anteriores. Melhor dizendo, eu não via nada senão uma névoa.
Atrapalhado com o meu caso, às tantas o médico resolveu olhar para as lentes e foi então que compreendeu que estavam todas sujíssimas. Tão sujas que eu via bem pior com, do que sem lentes. Resolvido o problema lá me receitou o que devia. Depois a minha amiga foi consultada também, já sem a atrapalhação das lentes sujas.
Quando chegou a hora de pagar o médico disse-nos que não nos cobrava nada. Espantadas perguntámos porquê. O senhor explicou então que já tinha sido funcionário público e sabia muito bem que um funcionário público não ganha o suficiente para pagar uma consulta de especialidade...
E já lá vão quase 30 anos. Há coisas que nunca mudam. (Aonde é que eu já ouvi isto?)

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