16 abril, 2007

É a vida...

Falemos pois de livros. Da paixão que os livros despertam ou daquilo a que as pessoas se referem como tal.
A verdade é que o livro ainda é um objecto muito mal amado em Portugal. As pessoas dizem que gostam de ler, mas não lêem. Ou lêem muito de vez em quando, quando estão de férias. E sobretudo não compram ou compram muito poucos livros. Quando lhes apetece ler alguma coisa, pedem emprestado a quem sabem que tem... e tem porque compra. E compra, não porque tenha mais dinheiro que os outros, mas porque o livro é para ela uma prioridade. É preferível ter menos uns pares de calças ou camisolas e investir em livros. A roupa passa de moda, os livros não. Podemos lê-los, relê-los, emprestá-los, discuti-los, tornarmo-nos fãs e até amigos dos seus autores.
Há ainda um tipo de pessoas que compra alguns livros, como quem compra bibelots. Aquela capa fica bem naquela estante, portanto vou comprar... aqui há uns anos, não sei se isso ainda acontece, encontravam-se à venda apenas as capas dos livros mais conhecidos do mundo. Daqueles que se considera que todos deviam ter lido. Só as capas. Leves portanto, bibelots para as estantes, mas julgo que tão ou mais caros que os livros de verdade. É claro que não tinham centenas de páginas de que é preciso cuidar com amor para que não se degradem rapidamente. Porque todos sabemos que o papel é uma matéria frágil e facilmente corrosível por vários ambientes.
E há também aqueles para quem os que gostam de ler são quase criminosos. São gente que não bate bem da pinha, de quem se pode esperar todas as barbaridades. São realmente perigosos, porque são gente que pensa com a própria cabeça. Não se distrai a ler revistas e a ouvir uns intelectuais na televisão, para decorar meia dúzia de chavões que lhes saem depois pela boca fora, como expressões inteligentes de quem é muito culto, porque leu muito...
Enfim... como diria o barão de Munchaussen "é a vida: custa a todos; custa a mim, custa a ti, custa a ele..."

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