15 abril, 2007

Oa Animais


Vejo ao longe os meus dóceis animais.
São altos e as suas crinas ardem.
Correm à procura duma fonte,
a púrpura farejam entre juncos quebrados.

A própria sombra bebem devagar.
De vez em quando erguem a cabeça.
Olham de perfil, quase felizes
de ser tão leve o ar.

Encostam o focinho perto dos teus flancos,
onde a erva do corpo é mais confusa,
e como quem se aquece ao sol
respiram lentamente, apaziguados.

(Eugénio de Andrade)

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