10 abril, 2007

Na cidade nasci

(em especial para o meu amigo Eduardo Aleixo)

Na cidade, quem olha para o céu?
É preciso que passe o avião...
Quem me dera o silêncio, a solidão,
Onde pudesse, alguma vez, ser eu!



Na cidade nasci; nela nasceu
A minha dispersiva inquietação;
E o meu tumultuoso coração
Tem o pulsar caótico do seu.



Ah! Quem me dera, em vez de gasolina,
O cheiro da terra húmida, a resina,
A flores do campo, a leite, a maresia!
Em vez da fria luz que me alumia,



O luar sobre o mar, em tremulina...
– Divina mão compondo uma poesia.



(Carlos Queirós)

2 comentários:

Unknown disse...

Eu não sou extremista.
Adoro as cidades. São a grande construção da Humanidade.
Mas hoje...talvez porque já vivi alguns anos, talvez! Claro que já vivi!... Não prescindo daquilo que não me trai: a Natureza, o silêncio, as minhas estrelas, o meu vento, a passarada, os riachos, as águas limpas...principalmente as águas limpas....e.... estar só, não só, com o mais que tudo que é o Mar, a olhar para a minha cana, à espera do robalo....
Muitos robalos tenho perdido. Mas outros tenho pescado, grandes, com saber, de muitos anos, com linha fina, nas noites sós, acompanhado embora, mas sempre só face ao universo, que é aquilo que mais gosto, a beleza terrível do universo,aí onde, a partir daí, sim, talvez as portas do divino se possam abrir de verdade para o Deus que amo, que tem muitos nomes, todos de amor, e que conheço, e que se estão marimbando para as pieguices dos fiéis e principalmente das beatas e beatos deste mundo de receios...
Isto, a propósito das cidades e dos campos...que tudo é belo...desde que sejamos belos por dentro.
O resto...é retórica.
Como são as minhas palavras, para muitos.
Mas estou-me nas tintas.
EA

Unknown disse...

Obrigado por te lembrares de mim.
EA