23 abril, 2007

Gaivotas em terra...


É bom chegar a uma da mais famosas praias do país, pelas 9.30 da manhã e ter à minha espera, apenas um bando de gaivotas. Mais um dos meus privilégios. Costumo dizer que se tenho deve ser porque mereço. A verdade é que não encontro outra explicação para o facto de tantas coisas boas acontecerem na minha vida. Ou, às tantas, sou eu que dou valor a todas as coisas boa e más e lhes aumento a importância. Às tantas ninguém ligaria o que eu ligo a estes pormenores.
De facto o que me interessam são sobretudo pormenores. Se acabo de conhecer alguém e me perguntam "não o achaste muito gordo?", provavelmente responderei "isso não reparei: mas tem um belo sorriso!", ou qualquer coisa do género.
Às vezes dizem-me que se passam comigo coisas que não se passam com mais ninguém. Eu acho que passo pelas mesmas coisas só que "vivo" todas as coisas com muita intensidade.

Fiquei pois bem contente por ter o Eduardo Aleixo de volta (já que não me parece tão fácil fazer reaparecer o Eduardo António; acho que tenho que te ir visitar pá e pôr-te a escrever à força), neste dia mundial do livro.
Como já perceberam com certeza não gosto de dias mundiais. Mas o livro merece, (um dia mundial, claro) e o texto "Livros" com que o Eduardo nos brindou hoje é muito bom, para além de falar de três escritores que para mim, são hoje (em português técnico) incontornáveis: António Lobo Antunes, Rodrigo Guedes de Carvalho e Luís Sepúlveda. É claro que este último se foi embora de casa do Aleixo sem saber o que ele pensou dos livros relidos, mas acho que realmente ele se preocupa muito mais com as pequenas coisas da vida que fazem com que a vida valha a pena. E para mim Sepúlveda é sobretudo o homem que se fez escritor e que escreve como fala. Por isso ele é de uma clareza de cristal. Porque é um homem limpo, e por muito que na terra dele se use chamar "negritos" às pessoas de quem se gosta, ele pode ser branco ou negro, mas nunca um homem de cor.

Bem vindo pois Eduardo e pode ser que agora eu arranje um tempinho para pôr o outro Eduardo a escrever... porque se me encontrar nas minhas andanças sem acesso à NET, o que é bem provável, (se bem que eu não me importe de fazer 200 ou 300 km para não abandonar este espaço), acho que te vai fazer falta uma companhia... ou melhor: que a companhia do Eduardo António já tarda demais e nos faz falta a todos (os que escrevemos e os que lêem este blog)

1 comentário:

Unknown disse...

O meu amigo Sepúlveda não queria nada saber da minha opinião, ele já a sabe, o que ele queria era conversa, era companhia, era partilha de segredos nossos, era beber da tranquilidade das minhas árvores, era estarmos juntos. Enfim, eu não disse tudo. Nem tudo a gente, eu e ele, a despeito de defendermos a transparência, publicamos no blogue.