01 abril, 2007

Como uma tatuagem.


Era à hora do pôr de sol, no início da Primavera que me enviavas os sms, lembro-me bem. Deitavas-te já o dia tinha acordado muitas vezes e quando acordavas, ao fim do dia, começavas a enviar-me sms. Ao princípio, não percebi o que querias de mim. Afinal conhecíamo-nos há mais de 15 anos e nunca te tinhas manifestado. Mas estava sozinha, ainda não tinha percebido que era assim que devia ficar, estava carente e fui dando corda. Ao princípio porque me divertias. Depois as coisas foram ficando mais sérias e um dia perguntei-te porque levavas o tempo todo que tinhas disponível a enviar-me sms. E a tua resposta desarmou-me: "porque gosto de ti, porra", assim à alentejano que não és, mas que me parece que se vai colando à pele à custa do convívio. Eu disse que também gostava de ti, mas como amigo e que não me ia envolver com alguém que estava compromissado. Disseste-me que tudo tinha acabado e que gostavas de mim desde o primeiro dia em que olhaste para mim, ainda na altura do teu primeiro casamento. Disse-te que não acreditava porque nunca tinha percebido nada.
"Porra, como é que querias que eu te desse a entender quando estavas com um gajo daquele tamanho?" (Realmente o outro a que ele se referia tinha quase 1,90m e era grande p'ra burro!). Achei que as coisas deviam ficar por ali. Passados uns meses insististe. Convidaste-me para jantar e pediste-me namoro formalmente. Estávamos no Verão e foi um amor de Verão, daqueles que são costumeiros na adolescência. Depois acabou... não podia ser de outra maneira porque a verdade é que eu não te conseguia ver senão como amigo. Mas não desististe. Passado um tempo, voltaste à carga. Viajei, desandei, mas não desististe. Atrás de mim, de guitarra no saco, dedicando-me todas as canções de amor que cantavas, como eras teimoso!
Voltámos a andar juntos uns tempos. Por fim a coisa acabou... só que desta vez acabou mesmo mal.
Tive pena de perder aquela amizade. Não era nada o meu género, mas estava disposto a aprender todas as músicas do Jorge Palma para que eu ficasse o serão todo com ele... e isso não foi pouca coisa! Ficou para sempre marcado na minha pele, feito tatuagem que se vai desfazendo mas deixa sempre um resto de tinta.

Sem comentários: