25 abril, 2007

25 DE ABRIL


Mesmo que digam: pouco resta do que sonhámos, estão a dar cabo do 25 de Abril!...
A verdade é que tudo resta do Zeca, algo que vence o tempo, a sua voz linda e portentosa, a sua força, a sua mensagem. Tudo fica numa flor. Neste caso, é um cravo. Podia ser uma rosa, la rose, de Gilbert Bécaud. E quando ficam as flores e a música...
Mas não têm razão os que dizem que estão a dar cabo do 25 de Abril. É falta de memória. Ou melhor: é esquecimento de que na altura a consciência e as necessidades eram outras.
Havia miséria. Fome. Ditadura. Polícia Política. Tortura. Emigração. Partido único. As mulheres não tinham os direitos que hoje têm. Não havia o direito à greve. Não havia democracia. Todos sabem.
Estamos contentes? Não.
Mas isso é outra questão.
Hoje não estamos contentes. Mas não é por causa da ditadura. É por causa dos erros da democracia.
Mas temos o direito de protestar.
De exigir.
De intervir.
O que nem todos fazem.
Hoje, os tempos são diferentes.
E é bom sinal que o Zeca esteja vivo.
É bom sinal que as novas gerações gostem do Zeca.
Isto há-de ir, sim. Vai indo. Nunca pára. A gente é que nunca deve parar.
Viva hoje.
Viva o 25 de Abril.

Eduardo Aleixo

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