07 março, 2007

Válvulas à cabeça!


Não gosto de médicos. Ou por outra, não confio nos médicos em geral. Acho que pelo facto de ter trabalhado demasiados anos com eles acabei por lhes perceber as manhas. Quando não sabem do que se trata é uma virose e assunto resolvido. Se o antibiótico que receitaram não resulta, antes pelo contrário, agrava, a culpa é da virose que é daquelas mesmo danadinha de se deixar derrubar. O único médico em que confio a 100% é sem dúvida o Dr. House!
É por isso que para ir ao médico é preciso que esteja efectivamente doente. Porque não tenho medo nenhum de morrer mas tenho medo de ficar inválida com um AVC que é das coisas mais comuns nas pessoas da minha idade. E se um AVC pode matar (com um bocado de sorte), a maioria das vezes não mata mas invalida. E inválida já eu sou, por via de umas válvulas à cabeça! Passo a contar:
Como decerto se tem apercebido quem por aqui tem passado o meu coração de repente achou que precisava de chegar não sei onde (ele não me diz) e desatou a correr. Em resultado disto estou aqui a escrever e, apesar da medicação parece que estou a fazer a maratona! Fui por isso hoje, a um cardiologista, por acaso velho (detesto a palavra idoso) como eu gosto, porque nesses ainda eu consigo ir acreditando enquanto que nos "putos" da minha idade não acredito nem um pedacinho, salvo raríssimas excepções. Perdoem-me os meus muitos amigos médicos, mas vocês sabem muito bem o que penso de vós como profissionais: não sabem nada! NADA!
Pois o meu cardiologista é um velho brasileiro com nome italiano. Queridissimo! Foi-me logo perguntado se eu estava apaixonada, respondi-lhe que não, mas que achava que a cura estava exactamente aí, fosse qual fosse o meu mal. Rimos os dois. Gosto de gente dos trópicos, entendo-me com a alegria e não com a tristeza.
Num ápice perguntou-me "Há quanto tempo tem o sopro no coração?" depois de me auscultar. E eu, "sopro? qual sopro?, nunca soube que tivesse um sopro; só sabia que tinha taquicardia, doutor". Pronto, disse ele, mas tem um sopro. Fez-me logo um ECG e mandou-me fazer um Ecocardiograma, para ver como estão as válvulas...
É claro que a viatura tem as válvulas gastas. Os mecânicos a que fui anteriormente eram uns nabos que não perceberam logo que eu tinha as válvulas à cabeça! Pois é: acho que as válvulas fugiram do coração para a cabeça, é por isso que digo tanto disparate, é por isso que me acham louca. E agora? Agora repara as válvulas ou troca por umas novas não é? Mas já agora que me deixe as "válvulas à cabeça" que eu acho que é o que as pessoas pensam quando me vêm a cantar pela rua... é um bom nome, não é?
Válvulas à cabeça!

1 comentário:

Unknown disse...

Tu és como a minha gata Lai-Si, que se jogou de um quinto andar e está viçosa como uma alface.
Tens sete vidas.
Ainda bem.
EA