11 março, 2007

É pena senhor presidente!


A noção de que sou mortal, tem mudado alguma coisa dentro de mim. Se bem que não tenho a certeza de ser mortal. Costumo agarrar-me a todas as teorias que me dão jeito. E a teoria do Professor Agostinho da Silva de que "sabemos que outros morreram, mas não sabemos que morreremos, uma vez que isso ainda não aconteceu" é uma da minhas preferidas. Seja como for:
Está um dia lindo. É como se a Primavera já tivesse chegado. Só não o anuncio aqui, porque sei que o Eduardo Aleixo faz questão disso. Para ele existem mesmo quatro estações... para mim não: as estações estão dentro de mim, e dentro de mim ainda é inverno, dentro de mim o frio continua, a tristeza persiste, mesmo que me vejam bem disposta, mesmo que me ouçam contar piadas, mesmo que eu vos pareça a mesma. Sou a mesma e é por isso que pareço a mesma. Mas o esforço para manter a alegria é realmente bastante grande. Não é fácil viver de aparências. Não sei como é que tanta gente o consegue fazer a vida inteira.
Aproveitei um bocadinho da tarde para descansar. Adormeci e até sonhei que o presidente do organismo em que trabalho, se dava comigo, (ele que nem sabe quem sou, e aqui para nós, espero que assim continue...), trocava segredos e pedia-me segredo da nossa intimidade; não sejam mal intencionados, tratava-se apenas de uma intimidade a nível informático, isto é trocávamos programas e eu ajudava-o a pô-los em execução só que ninguém podia sequer saber que ele me conhecia... só que acordei com o senhor a dizer, "sabe eu olhava para si e sempre simpatizei consigo". Pois que pena, não nutro nenhum sentimento pelo senhor. Olho para si e é um monte de números; às vezes recupera a humanidade e faz um sorriso e deseja bom dia a quem passa, mas no fundo sei que na cabeça só leva números.... o sorriso é o verniz com que cobre os números que o habitam. Vivemos em mundos diferentes. Um dia disse uma piada no elevador enquanto subia consigo, foi há uns anos, e deu uma gargalhada. Acho que nessa altura ainda não tinha subido completamente ao limbo dos números. Agora está lá instalado, duvido que fosse capaz de soltar uma gargalhada franca como nesse dia quente de verão... E é pena senhor presidente!

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