15 março, 2007

Mais uma vez a amizade...


Não! Não vou escrever uma carta ao meu amigo Pedro. Não quero mais reclamações. Amo cada um dos meus amigos pelo que cada um é. A estória das cartas para a Lena tem outras origens... a Lena é uma pessoa que sabe muito da vida. É alguém a quem eu peço conselhos porque já viveu um bocadinho mais do que eu e sabe de muitas estórias da história deste nosso pequeno país... das estórias do antes do 25 de Abril, do Portugal que eu não conheci e que gosto de a ouvir falar, porque sei que fala com isenção apesar de ter sido militante convicta de um partido político durante muitos anos. E as cartas que lhe escrevo aqui, são apenas uma forma de partilhar com todos, o que com ela vou aprendendo. Portanto não me olhem de esguelha, não me exijam o mesmo tratamento... espero que percebam que estou a brincar quando falo das vossas "exigências" já que se trata de conversas "a brincar"...
Mas quero falar mais uma vez de amizade. Quero mais uma vez dizer a todos os meus amigos que a amizade, como o amor, não se agradecem... acabam sendo as duas faces de uma mesma moeda. Quando digo amo-te - não o posso dizer a todos os meus amigos, porque seria mal entendida - quero dizer "gosto muito de ti". E não é verdade que podemos escolher os amigos. Eu pelo menos não posso... eles vão-me caindo no regaço, porque tal como nos ensina o "O Principezinho" de Saint-Exupéry, cativamos alguém e somos cativados. Tal como a família, também não escolho os amigos... se me engano, paciência... acabo ali e recomeço tudo de novo. Mas isso tem acontecido muito pouco ao longo da minha vida... apesar do meu mau feitio os meus amigos sabem que eu tenho algumas (muito poucas) virtudes, mas que uma delas é poderem contar comigo, mesmo quando parece que eu ando no mundo da lua...
Às vezes preciso de paz... mas os meus amigos já perceberam isso. Perceberam que o meu coração está aberto a todos, mas nem sempre. Às vezes fecha-se por dentro de si mesmo: é assim que aprendo a sobreviver a sós. É assim que aprendo a gostar de mim mesma.É assim que cresço.
Por isso quando eu for grande, quero ser como a minha amiga Corina que nos seus 82 anos, continua leve e fresca como uma alface.
Porque se o amor não escolhe idade (nem sexo, convenhamos), a amizade também não. E eu gosto muito de ter amigos de todas as idades, porque com todos aprendo um pouco da vida.

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