16 fevereiro, 2007

Mais uma estória de faz de conta...

Estava eu com o meu ansioso neto Pedro à espera do meu filho e pai dele, chegando de Milão, quando me apercebo da saída do meu queridíssimo Luís Sepúlveda. De óculos escuros, não sendo uma estrela de futebol desceu em direcção ao ponto de encontro do aeroporto, sem que ninguém o incomodasse.
Estivemos juntos há cerca de duas semanas, (se bem se lembram) antes da sua visita a Santiago do Chile. Não sabia que passaria hoje por Lisboa, a caminho de Barcelona. É claro que me esqueci do Pedro e corri para o abraçar... e lá vêm os comentários do tipo, eh pá é incrível se tivéssemos combinado, algo teria dado errado, que bom ver-te por aqui, o que estás aqui a fazer... vocês sabem como é quando dois velhos amigos se encontram por um mero acaso...
Pronto, lá lhe contei que estava à espera do meu filho, lembrei-me do Pedro e chamei-o mas ele veio com alguma relutancia, porque é tão tímido e envergonhado quanto eu era na idade dele e porque a ansiedade de ver o pai, não o deixava olhar para outro lado que não fossem as portas de desembarque.
O tempo era curto. Deu apenas para tomarmos as nossas italianas e para ele me contar por alto que tinha estado na Patagónia que ele ama de paixão, em casa do seu compadre pescador, que continua calado, mas contando tudo sem precisar para isso de gastar um grande vocabulário. Que tinha feito uma pescaria com ele, que de volta a Santiago percebeu que as pessoas estão esperançadas em Michelle Bachelet, que quando fazem manifestações cantam o "Michelle, ma belle" dos Beatles, que fez parte dos seus primeiros anos de luta ao lado de Allende... e que me escreverá contando em pormenor o que mais se passou por lá.
Prometo aqui Luís: se me escreveres, responderei à tua (a todas as tuas) carta(s).
Um beijo.

Sem comentários: