22 fevereiro, 2007

Em roda livre.


Pensei que mais uma vez ela tinha confundido os dias. É que não é terça feira. Mas a semana passada decidimos que uma vez que esta semana era o entrudo, nos encontraríamos hoje. Não gostamos de estar muito tempo sem nos vermos, sem nos olharmos olhos nos olhos, sem pôr a conversa em dia. Temos sempre tanto de que conversar! Parecemos fontes inesgotaveis.

Mas como dizia cheguei, e ao contrário do costume ela ainda não tinha chegado. Pensei: esqueceu-se, trocou os dias, sei lá... liguei-lhe para o telemóvel; que claro que não tinha esquecido, estava mesmo a chegar... e chegou uns 3 ou 4 minutos depois... eu sou doente com a pontualidade... é por isso que quero ir viver para Cabo Verde. Para perder esta mania europeia mas tão pouco latina da pontualidade.
Ficou contente por ver que eu tinha posto o colar que me ofereceu. Brinquei com o assunto: "há quem tenha o fatinho de ver a deus, eu tenho o fatinho de ver a lena"... os olhos azuis riem mesmo antes do sorriso... veja lá, veja lá... à laia da professora primária que nunca foi ainda que tenha sido para isso que estudou... são as voltas que a vida dá... as voltas que nos troca.
Pede para comer, sempre o mesmo que eu. Sempre! E para beber também! Sempre. Brinco "qualquer dia pensam que somos siamesas!"... os olhos azuis riem de novo antes que o sorriso se abra... a gargalhada solta-se finalmente.
Almoçamos no meio dos livros. É ali que preferimos os nossos almoços. O espaço torna-se mais íntimo. Gosto de mar e de sol e de livros... Mas é mais difícil arranjar um sítio com livros aonde se coma... felizmente a Bulhosa tem esses espaço. É nosso. Quase sempre às terças... quando temos saudades ou urgência de nos confessarmos a qualquer dia... como hoje!
E como sempre falamos, falamos, falamos... e no fim ficamos com a sensação de que tudo, quase tudo ficou por contar. Mas terça feira está quase aí. Mais uma rodada: em roda livre! Como ambas gostamos.

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