Colou-se-me como uma segunda pele, a tristeza. Tento arrancá-la e quando começo a cantarolar e penso que consegui, ela cola-se-me de novo. Não consigo livrar-me desta coisa que me põe alheada, infeliz, imprópria para consumo. Cheguei à conclusão que devia ter ido trabalhar hoje. Quando tenho a mente ocupada não me lembro desta tristeza que se apoderou de mim e não sei lidar com isto. Porque é uma tristeza de mim mesma. De não ter feito coisas em devido tempo. De não ter previsto que não teria tempo para fazer todas as viagens, para ter todas as conversas, para contar todas as estórias, todas as anedotas... E um desalento instala-se e não me permite viver uma vida normal.
Devíamos saber, quando nascemos em que dia morreremos. Assim poderíamos organizar as nossas vidas de modo a aproveitar tudo o que pudéssemos: os nossos amigos, os nossos sonhos, os nossos livros, a nossa música. Porque eu vivo (ou vivia até há pouco), um segundo de cada vez, mas cheguei à conclusão que afinal isso não chegou. Não foi possível prever que este ano já não seria possível fazer a travessia do deserto com quem tanto queria fazê-lo. Pensamos sempre que temos a vida toda pela frente... e temos! só não sabemos o quão pequena ela pode ser. Não sabemos se temos muito ou muito pouco para viver...
É por isso que eu quero que esta tristeza me abandone. Se é preciso dizer "sim, eu sou culpada por não ter vivido tudo o que devia" eu digo. Fica escrito! Mas por favor afasta-te de mim. Não me obrigues a dizer todas as manhãs "bom dia, tristeza". Afasta-te um pouco, para que eu possa acordar de novo a cantarolar, para que eu possa retomar a minha vida, para que os meus amigos não tenham a meu respeito ideias parvas... para que não pensem que deixei de gostar deles. Para que me possam ajudar a recuperar a alegria que me levaste, tristeza. Boa noite, dorme bem, desaparece, sim?
1 comentário:
Concordo com tudo o que dizes aqui.
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