Um homem suficientemente rico para deixar bens em testamento a mais de 70 pessoas, escolheu-as pela lista telefónica. Pois é: pegou na lista telefónica de Lisboa e ao acaso, foi deixando que o dedo caisse em cima de um nome. E assim escolheu os seus herdeiros. Dir-se-á que é um original. Pode até ser. Mas acho que é realmente uma maneira tão boa quanto outra qualquer de fazer um testamento. Com certeza entre as pessoas que escolheu haverá as que merecem e as que não merecem. Para já, há até quem não queira ser herdeiro do homem.
Francamente isto parece-me uma maldade. O referido sujeito deixa-lhe em testamento, entre outras coisas uma casa de 12 assoalhadas em Lisboa (já pensou feliz contemplado, quantas pessoas poderá ajudar, só com esta parte da herança?) e a casa da aldeia. Quem como este homem, não queira aceitar a sua parte da herança, pense duas vezes. Quantos sem abrigo se poderão alojar numa casa de doze assoalhadas com um mínimo de comodidade? Pelo menos vinte e quatro (digo isto porque não conheço o tamanho das assoalhadas, estou a atirar para o alto, claro). Pois se calhar até herda uma carga de trabalhos mas talvez valha a pena: se o dedo caiu em cima do seu nome, "maktub". Ou seja, estava escrito!
Deixo pois aqui o meu apelo aos contemplados, felizes ou não, deste homem bom e só (porque uma ideia destas só passa pela cabeça de alguém verdadeiramente só), que aceitem a sua parte da herança. Se não o fizerem por si e pelas suas famílias, façam-no pelos outros. Há tanta gente necessitada e tantas maneiras de ajudar.
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