02 janeiro, 2007

ORA VIVAM










« O que gostava mesmo era de deixar de escrever crónicas de cariz político e passar a escrever crónicas de cidade.Pedem-me um artigo político, mas eu gostava de escrever sobre as pessoas. Fala-se pouco em sentimentos, as pessoas têm pudor em dizer que choram».
Palavras proferidas por Baptita Bastos, escritor e jornalista, e transcritas pelo Diário de Notícias.
Apetece-me acrescentar: as pessoas têm medo de dizer a verdade do que sentem, do que pensam, têm medo de dizer que estão felizes, que estão tristes, que estão amarguradas, que estão sós, que não têm a certeza de que aquilo que fazem e dizem tem já sentido, têm medo de dizer que odeiam, que amam, que sonham, que querem ser melhores, que se enganaram, que estão mortas de desejo, que...
Compreendo muito bem as palavras do escritor, não só no que diz respeito à vida dos sentimentos das pessoas, mas tambem ao desalento dele, ao escrever por encomenda.
Compreendo, porque também eu escrevi umas coisinhas, há muitos anos, em alguns jornais, por encomenda, e sei que, por esse método, quem gosta de escrever nunca está por inteiro naquilo que escreve.
Conheço o Baptista Bastos apenas através dos jornais, e por um livro que dele li, e também porque, sendo nós vizinhos, o encontro algumas vezes.
Lembrei-me, ao ler as suas palavras, do nosso blogue.
Aqui, temos quase sempre falado de sentimentos.
Tem sido um espaço aberto, um ponto de encontro.
Aqui temos colocado, como ramos de flores, os nossos sonhos, alguns segredos e pensamentos.
Temos, porque assim tem sido, lamentado que outros não o façam, como nós.
Seres humanos somos todos, da mesma massa, da terra que é o mundo, e o céu, que está sobre as nossas cabeças, é igual para todos.Acho que assim cotinuará a ser, pela parte que me toca.
Pela parte que me toca... e enquanto a fonte dos meus pequenos poemas e crónicas e apontamentos não secar... tudo vou oferecer com tenura...
Tanto mais que o nosso blogue...já devem ter reparado, recebeu, durante o Natal, umas prendas do mar e das estrelas, perdão, de uma estrela ( stela maris ), de onde desceu, como seta luminosa, tão brilhante como um menino Jesus, um cesto tecnológico de videos musicais, tão harmoniosos, que vale a pena ler no blogue e nele escrever, que a paz vai entrando com mais facilidade nos nossos corações.
Que eles se abram e falem.
É o meu desejo.
Bom Ano.

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Maria Eduarda disse...

Um bom ano para ti que és sepre tão carinhoso, amistoso e mereces que tudo de bom te caia no colo, assim como os clips que encontraste no teu regresso do mar.