21 janeiro, 2007

No terceiro mundo as crianças são mais respeitadas!



Muito se tem falado de Esmeralda, a menina que foi entregue pela mãe aos 3 meses de idade a uma casal de Torres Novas. Só agora que conheço melhor os contornos desta história decidi falar nela: porque como toda a gente me sinto incomodada com a decisão de um tribunal português. Porque esta decisão vem mostrar que, afinal tudo continua muito lento e, pior ainda, muito errado, no que deveria ser a justiça em Portugal.

A história é breve mas tem contornos sinistros que parecem estar a ser esquecidos por muita gente. Uma mulher, imigrante brasileira em situação ilegal, engravida de um português com quem mantém uma relação amorosa que, pelo menos para ela, é uma estória de amor. Quando lhe diz que está grávida ele nega a paternidade da criança que ela carrega no ventre. Apesar de várias vezes o procurar a ele e à família com quem ele vive, é sistematicamente escorraçada. No dia em que ele devia aparecer para proceder ao registo da criança no notário, não aparece.

É então que o MP decide abrir um processo de averiguação para que se esclareça quem é o pai da criança. Entretanto a mãe, sem recursos e em situação ilegal, decide entregar a criança a um casal que não pode ter filhos. Passa um documento que, embora não tenha validade legal, prova que a Esmeralda não foi raptada mas entregue para adopção ao referido casal.

Quando se esclarece quem é o pai da criança, este procura os pais "adoptivos" da sua filha. Não porque queira a menina.... o que ele quer é dinheiro. E é nesta parte da estória que não se tem ouvido falar. Quem decidiu aplicar uma pena de 6 anos de prisão ao homem que durante 5 anos deu tudo à Esmeralda, incluindo o amor de que qualquer criança necessita tanto como do pão para a boca, nem sequer tem em conta a conduta do pai biológico, que é uma atitude mercenária, a meu ver.

Parece que finalmente, haverá diálogo entre a família adoptiva e o pai biológico. Até me custa chamar "pai" a um tipo destes! A verdade é que até aqui ninguém se deu ao trabalho de ouvir quem tem amado e tratado desta menina. E não me venham falar em laços de sangue... a mãe biológica separou-se da filha por amor a esta e merece toda a minha admiração. Mas o mercenário devia ser acusado de tentativa de extorsão e condenado, esse sim, pelo que tentou fazer contra a filha de quem nunca quis saber.

Pobre país este que precisa que os seus cidadãos façam baixo-assinados para que se faça justiça... Que vergonha me dá viver num país que, depois disto tudo, ainda tem coragem para se dizer europeu.

1 comentário:

Unknown disse...

É verdade, amiga, às vezes dá vontade de partir...
EA