11 dezembro, 2006

Os meus amigos e até a minha família me acusam muitas vezes de desaparecer, de não fazer uma chamada de não dar sinal de mim! Agora, se quiserem sinais, basta virem aqui e ficam a saber tudo... o que me acrescenta mais uma desculpa para continuar desaparecida...
Sempre assim fui e a razão deste meu procedimento é muito simples: eu gosto de sentir saudades! De sentir saudades de verdade, daquelas que me doem físicamente! Daquelas que me tiram o sono! Mas que eu quero sentir crescer... a saudade de tudo e de todos. Saudade dos lugares que visitei e dos que não visitei. Saudades dos livros que li e dos que estão por ler ou jamais serão lidos. Saudades dos amigos com quem estive há 20 anos, e daqueles que jamais voltarei a ver. Saudades da vida que tenho para viver... Dos amigos com quem estive há pouco mas que o pouco tempo que com eles estou só faz acrescentar essa saudade.
Estou a ver aí alguns a dizer "continua a mesma doida de sempre": e eu ralada, não é? Olhem só para a minha cara de preocupada! O que me preocupa é pensar que pode chegar o dia em que eu não sinta saudades de nada nem de ninguém... isso é que me traz alguma preocupação, não chegando no entanto para me tirar o sono.
Quando vivi nos Açores, chegava a estar meses sem dar uma notícia aos meus pais que me faziam tanta falta! Mas eu calada! Até que de repente, desesperados eles enviavam um telegrama e eu pegava no telefone e ligava para dizer apenas "estou bem. amo-vos. tenho saudades do doce de amendoa da mãe"... e desligava. Então a minha mãe enviava um telegrama a dizer "vem que eu faço o doce de amendoa todos os dias"... e eu logo que podia vinha! E depois o meu pai olhava-me com toda a ternura do mundo e rematava "tudo está bem quando acaba bem, filha!"
E eu voltava à minha vida e voltava aos meus silêncios...
Os meus silêncios... que são cada vez menores... às vezes falo tanto que penso para mim "há-de ser por teres estado calada tanto tempo!" Mas a verdade é que as pessoas têm alguma dificuldade em respeitar os meus silêncios... ralam-se, preocupam-se (eu também quando acontece o inverso, acho que é normal).
Mas a verdade é que gosto de sentir saudades... até de mim!

1 comentário:

Anónimo disse...

Há muito que percebi que tu não gostas de ligar, responder a sms, o que para mim é novo. Costumo ligar e receber chamadas dos meus familiares e amigos mais próximos com frequência.
Ainda bem que este blog existe e que eu cá venho sempre que posso, porque senão, não saberia nada de ti quando não estamos a trabalhar.