O neto do ditador Augusto Pinochet, parece que se enganou... julgou que ainda havia uma ditadura no Chile e que podia continuar a dizer e fazer o que lhe apetecesse, ofendendo ainda mais, as famílias das vítimas do seu avô, passando por cima de todas as hierarquias militares e políticas... disse o que lhe apeteceu, pois disse, só que a presidente do Chile, Michelle Bachelet de imediato fez um discurso que "obrigou" de imediato o exército a expulsá-lo... ela própria uma vítima de Pinochet...
Espero que os incidentes naquele país se fiquem por aqui. Na verdade a família do ditador que mandou matar e torturar milhares de pessoas, está bem. Tem todo o conforto e algo mais do que isso, enquanto o povo vai sobrevivendo como pode e ainda tem que ter estomago para ouvir um playboy de pacotilha tecer elogios a um carrasco. É claro que eu compreendo que o carrasco foi "su abuelo" e provavelmente lhe ensinou que o mundo lhe pertencia no sentido literal da palavra. Mas nem por isso o que fez é mais desculpavel. Antes pelo contrário: um soldado tem que saber respeitar primeiro o seu país, depois o seu exército. Ora este herói de meia tigela fez mais uma diabrura, daquelas que provavelmente encantavam "su abuelo". Porque em todos os ditadores existe um lado terno e amoroso que se manifesta geralmente para com a sua prole, a quem tudo permitem.
Tenho visto poucas notícias e lido nada (é que ando encantadada com "A Vida Nova") de jornais. Mas embora sabendo que estes não me lerão, quero aqui deixar o meu abraço a dois escritores que muito admiro e que, acredito que tal como eu, sintam um prazer amargo de derrota na morte deste ditador, sem que tivesse chegado a julgamento:Isabel Allende, sobrinha de Salvador Allende e uma escritora que me encanta e Luís Sepúlveda o escritor chileno que andou exilado pelo mundo e que vive há uns anos aqui na península, em Gijón, depois de ter combatido a ditadura chilena e de ter andado por esse mundo fora ajudando causas tão nobres quanto ele, como a defesa da Amazónia que tem matado tantos brasileiros (e não só), como Chico Mendes, que se atrevem a enfrentar o poderio dos senhores da madeira no Brasil.
Obrigada pois senhora presidente Michelle Bachelet!
2 comentários:
Nunca é demais lembrar - e a Eduarda faz bem em lembrar - a peçonha que é para uma sociedade, isto da tirania...As novas gerações nao conhecem.Mas o sofrimento foi demais. E demais é ainda não ter havido julgamento, não se ter feito justiça. Claro que o grande escritor, Luís Sepúlveda, que foi detido e condenado a 28 anos de prisão em 1973, pela sua oposição ao general Pinochet, mas que foi libertado, ao fim de 2 anos e meio de encarceramento, graças à Amnistia Internacional,tem razão,quando disse, em entrevista à Antena 1, que " a morte de um tirano não significa o fim da justiça ". Claro, claro que nao, para quem, como eu, confia nesta luta universal em prol da defesa dos inocentes.Da justiça, afinal.Luta que vai ser, no entanto, longa e difícil. No Chile. Em Portugal. Anywhere...
Eduardo Aleixo
Quase me sinto constrangida a comentar neste blog. O que dizer com dois "escritores desta envergadura"?
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