Por estes dias Lisboa volta a ser minha. Sossegada, sem pressas, sem trânsito, sem hora de ponta... uma capital europeia que se torna capital de provincia. É assim que eu gosto de Lisboa. É por essa razão que nunca tiro férias nestas alturas. Gosto de me mover em sossego, sem magotes de gente a esmagar-me nos transportes públicos (se bem que rararamente me aconteça uma vez que não faço parte das pessoas que se deslocam em "horas de ponta").
De qualquer modo é interessante inventar jogos para estes dias. Hoje decidi observar as expressões faciais de quem estava na mesma carruagem de metro que eu. Usei a minha máscara ausente número um, para que ninguém se apercebesse de que eu estava a observar. Afinal em todos nós existe um "voyeur"?... será? em mim existe concerteza.
E observei dois homens que conversavam. Não os ouvia porque tinha os auscultadores nos ouvidos mas percebia a conversa (não, não vou contar aqui), pelas expressões e pela quantidade de gestos que utilizavam. Sobretudo o mais novo, parecia falar com as mãos. Eram mãos irrequietas, mãos de trabalho, mãos que se queriam mostrar. O mais velho de vez em quando, deitava-me um olhar de soslaio, como quem diz "que é que esta fulana tanto olha para nós?" E eu lá punha a minha máscara número um.
Depois as pessoas que vão entretidas com os seus pensamentos. Algumas percebe-se que vão tristes, preocupadas... poucas são as que mostram alguma alegria no semblante. Mas provavelmente não há razões para festejar o que quer que seja. Apenas as pequenas vitórias do dia a dia. Essas devem ser festejadas. Eu faço-o a sós comigo mesma. A vida já não é uma festa mas ainda vale a pena tentar que volte a ser, não é?
Sobretudo nestes dias em que Lisboa voltou a ser minha!
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