02 dezembro, 2006

Há quase 30 anos que defendo que o casamento é um disparate de todo o tamanho. E até há pouco tempo sentia-me só na defesa desta ideia. O casamento significa em muitos casos o fim do encantamento, do amor, da paixão e o começo dos conflitos, das lutas, da anulação de um dos protagonistas. Culturalmente é quase sempre a mulher que se anula, mas há casos em que é o homem que se anula por ter uma personalidade menos forte ou mais moldavel... aqueles tipos que a gente diz "tem mesmo bom feitio, só podia mesmo ser feliz casando"... são geralmente aqueles que são felizes com qualquer casamento... não gostam de estar sós e assim, são capazes de se anularem completamente para que a coisa "resulte"...
Pois hoje em dia, muitas mulheres (sobretudo mulheres, embora já vá conhecendo alguns homens também) que concordam comigo.
Não defendo o divórcio. É por isso que não defendo o casamento. Não acho que seja indispensável um casamento para ter uma família unida e feliz. O casamento, quer queiram quer não, rouba sempre a liberdade, senão aos dois pelo menos a um dos parceiros... Pior: rouba-lhe a personalidade, muda-lhe os hábitos, faz dele alguém que não existe senão em função do outro. Rouba a alegria... e o que dá em troca? Uma angústia que nos rouba a vida a cada segundo que passa.
Hoje num programa de televisão ouvi uma série de mulheres que concordam que o casamento é apenas para alguns: muito poucos... porque hoje as pessoas estão de olhos abertos, pensam em si mesmas, percebem quando se estão a anular... e a menos que casem muito novas, como eu, se o fazem suficientemente maduras, já não têm desculpas para "aguentar" um casamento que não lhes dá a satisfação porque esperavam. Então, muitas já nem casam.
Vou mais longe: tenham cuidado, muito cuidado com essa coisa a que se chama amor... porque às vezes nem é preciso o casamento para nos anularmos... basta essa coisa a que dão esse nome, para, em nome da felicidade do outro nos anularmos e vivermos uma vida que não é a nossa.
Portanto, tenham atenção e façam o favor de ser felizes (mesmo que para isso tenham que se casar, claro...).
Aqui vai um estória bem disposta que costumo contar a propósito do casamento. Um "boer" (sul africano, branco), que trabalhava para um alemão, perguntou um dia ao meu pai se ele gostava de se casar... o meu pai disse-lhe que o casamento era como tudo na vida, tinha coisas boas e coisas más. Então o Chris perguntou-lhe quantas vezes ele tinha casado e ao ouvir que ele se tinha casado apenas uma vez, respondeu "ah, então tu não gostas de casar... o Fritiz é que gosta de se casar, porque já casou seis vezes!"

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