17 dezembro, 2006

DOIS DEDINHOS DE CONVERSA









Primeiro dedinho

O meu sonho sempre foi poder dizer, como Fernando Pessoa:

«Quem está ao pé do rio da minha aldeia
Está só ao pé do rio da mnha aldeia»...

É que este " só "... é imenso, e nele reside toda a serenidade do mundo... e nossa...









Segundo dedinho

Sou contra a violência.
Mas há violências que procuro, cuja existência agradeço.
É o caso de uma rosa, por exemplo, que nos enche completamente o olhar, contra a luz intensa do sol.
Ou uma laranja, quando estamos sequiosos no deserto ( da vida ).
Ou o cantar de um regato de águas transparentes e frescas, caindo no forte cansaço dos dias.
Ou a nudez de um corpo belo, fremente de desejo, ou não.
Ou o riso cristalino de uma criança.
Ou o calor apaziguante e silencioso de um olhar.
Ou o aconchego inesperado de uma mão na minha mão...
Enfim... tudo o que excede o bolor da normalidade, da rotina e da convenção. E em que o coração não fere, mas fica tocado, gostosamente...

Uma boa semana para todos.

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Anónimo disse...

Comovente...