Estou pois na Gardunha, em busca da barragem de Sta. Luzia, que me disseram ser linda. Após uma placa toda bonita e moderna com a indicação da dita barragem, percorro uns kilómetros e aparece uma indicação com Sta. Luzia (símbolo de uma igreja). Esta é uma placa antiga, nada da modernice da anterior. Viro em direcção à igreja. É realmente um lugar com uma igreja, mas da barragem, nem sinal.
Avançando mais uns kilómetros, não sou capaz de quantificar, porque não olhei para o conta kilómetros e na serra 2 km são 5, nova placa com indicação de barragem do Pisco: sigo a indicação. Logo adiante há realmente uma albufeira. Coisa pouca e nada de especial, para quem não fique encantado, como eu, com qualquer nesga de água, quando não tenho o mar por perto. Estão alguns homens, três ou quatro à sombra das árvores. Páro sem reparar quantos são exactamente, nem no que estão a fazer. Estou obcecada com a ideia de chegar à barragem de Sta Luzia... parece que tudo o resto deixou de ser importante. Cumprimento e pergunto o caminho para a barragem. Olham-me espantados e dizem-me "não será a da Marateca?". Apetece-me dizer que não estou em Setúbal mas respondo que não, que tinha visto uma indicação para a de Sta. Luzia kilómetros atrás. Olham uns para os outros e indicam-me o caminho da barragem da Marateca. Agradeço e então, quase em coro, perguntam-me se não quero almoçar com eles, que dá bem para todos... Só então reparo que os homens se estavam a preparar para fazer um pic-nic (com uma mesa e tudo). Noto que o oferecimento é do coração. E agradeço mais ainda! A vontade de ver Sta. Luzia diminuiu. A simpatia desta gente conquista-me e não fosse o facto de ter as horas contadas para o regresso a casa, teria ficado de bom grado ouvindo as suas estórias... fiz mal: hoje estaria um pouco mais rica! E teria escapado ao arroz de tomate com polvo!
Estava bem longe da barragem de Sta Luzia que fica na Pampilhosa da Serra! Mas esta, ainda alguém me há-de pagar!
1 comentário:
Peço desculpa, Eduarda, mas os homens tinham razão: não estarias tu em Setúbal?.
Sabes,podes ter-te enganado na estrada.
Pelo menos no Alentejo é assim.
Olha, podes pensar que estou a exagerar, mas ouve:
Uma vez -dizem -um gajo foi de Beja beber uns copos a Cuba. Foi de bicicleta.Quando chegou à tasca, em Cuba, parou a bicicleta à porta da tasca.Entrou.Bebeu.
Quando saíu, olhou para a bicicleta e viu, angustiado, que a bicicleta so tinha uma roda.
Olhou com ar de suspeição para um velhote, que estava sentado num poial da porta em frente e que já o estava a mirar com semblante matreiro.
Então, virando-se para o velhote, exclamou:
- Ó compadre, quem foi que me roubou a roda da bicicleta?
O velhote pigarreou, mediu o jovem de alto a baixo e disse sarcasticamente:
- Ó sacana de merda, pois tu quando vinhas já não a trazias!!...
É verdade, Eduarda, às vezes a gente faz confusão...
Eduardo Aleixo
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