08 novembro, 2006

É um Cansaço!

Terminou a minha semana de trabalho por aqui. Faço greve e vou "descansar" por montes e vales, o cansaço que trago espelhado no rosto, pegado ao corpo... Porque me admiro quando me dizem "estás com um ar cansado"?. Porque eu estou efectivamente cansada, mas é sobretudo um cansaço do que me rodeia, um tédio de más notícias, uma necessidade de fugir para onde possa gastar a energia que me excede, que se excede e que não me deixa dormir... É uma raiva de sentir que não posso fazer nada para impedir o desvario que vai por este país... Uma raiva de ouvir os senhores banqueiros, virem falar agora de "peronismo"... agora que lhes toca a eles... parece que até agora estava tudo a correr lindamente... mas derepentemente (deixem-me inventar umas palavrinhas de vez em quando, que isto dá um alento, ter a ilusão de viver num país que não fala exactamente português!...) É estar farta de ouvir este governo, que só se ouve a si mesmo, achar-se muito corajoso, muito dialogante, muito democrático... Uma vontade de tapar os ouvidos, para não os ouvir dizer que o emprego aumenta, quando o desemprego é cada vez maior e cada vez mais uma ameaça real... e o que espera os novos desempregados com as novas regras sobre a matéria, que ainda não foram divulgadas, porque neste governo tudo sai a conta-gotas... como se as pessoas fossem tontas e sofressem menos assim!
Como uma anestesia local, daquelas que nos irritam, porque nos deixam horas sem sentir um pedaço de nós... é assim que eu me sinto: como se faltasse um pedaço de mim: o pedaço onde se alojava a esperança de um futuro melhor para todos; a esperança de uma sociedade realmente democrática; a esperança de poder viver no meu país com os meus filhos: de não os ver emigrar para poderem ganhar a vida; a esperança de ganhar um país de verdade! Um país livre de verdade... porque não há liberdade sem pão. E não há liberdade sem saúde. E não há liberdade sem educação.
O que tínhamos era pouco. Muito pouco. Mas fomos nós que entregámos o pouco que tínhamos. Foi o povo que elegeu este governo com uma maioria que lhe permite arrogar-se o direito de não dar direitos ao povo. (Felizmente este remorso não levo comigo, para onde quer que vá).
Eduardo Lourenço tem razão: quem tem a culpa é o povo. Votaram neles e agora aguentamos todos nós.
Uma réstia de esperança: nos EUA os democratas estão a dar uma "tareia" aos republicanos nas intercalares. Parece que as pessoas estão a acordar e até já elegeram um muçulmano! Que esta lição sirva ao meu país... e aos outros que reelegem quem já provou que não merece o nosso voto, a nossa estima, a nossa colaboração!
Enquanto houver quem não se dobre, a gente vai continuar!

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