Tal como Agostinho da Silva, não estou certa de que morrerei um dia. Tal como Agostinho da Silva, "sei" que há pessoas que morrem... isso não me dá a certeza de que o mesmo venha a acontecer comigo.
Cedo aprendi que a morte é tão natural como o nascimento. Todavia, ao contrário do nascimento, a morte é quase sempre um momento de tristeza... pelo menos na cultura ocidental. E crescemos aprendendo que a morte é triste, porque é o fim.
É por isso que não entendo porque é que as pessoas que acreditam na vida para além da morte, se sentem igualmente tristes com a morte... Mas penso que é o reflexo de anos de uma cultura que nos ensinou a cultivar a tristeza da morte.
Com 7 anos aprendi que a morte existe. E aprendi da pior maneira (ou de uma das piores), na forma de assassinato. Não tenho deus, nem santos, nem fé. São pessoas que nos dão vida e muitas vezes, são pessoas que nos tiram a vida. Outras vezes não acontece nada para que a morte aconteça: simplesmente estamos gastos! E pronto: é a vida!
A tua mãe partiu hoje, querida Paula. Pouco te disse hoje, porque tínhamos falado do facto há uns dias... era uma questão de tempo, e felizmente (isto não é uma crueldade, a Paula sabe o que penso) o tempo foi breve. Isto não te vai aliviar a dor, eu sei e tu sabes: ambas já passámos por momentos idênticos. Mas talvez te traga o consolo de pensar que o pior não é a morte, mas a dor.
E agora, querida Paula, a dor já não existe, senão para ti e para os teus irmãos e para todos os que conheceram e conviveram com aquela que hoje foi de viagem... creio que ela foi de camionete!
É a minha singela demonstração do afecto e da admiração que tenho por ti, amiga.
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