Sem garras nem foices
Sem rosto nem voz
Escondida no frio da manhã,
O homem roubou,
Viçoso de sonhos.
Só o corpo ficou.
Inútil.
Estranho.
Pelas paredes,
Pelas mesas,
Pelas cadeiras,
Pela cama,
Há raízes vacilantes de ausência,
Há lágrimas de espanto
Da vida suspensa
Que ficou,
Implorando paciência...
Só,
De negro vestida,
Fala a mulher com as coisas,
Relembra
E limpa
Os olhos macerados,
E aceitando a quase humilhação,
A injustiça natural
De escolher,
Como planta sacudida,
Um suporte,
Tacteia...
Recomeça...
Eduardo Aleixo
1 comentário:
Como eu me revejo nessa mulher de negro, apesar de ter deixado de vestir de negro quando os que amo começaram a partir... Parabéns por esta homenagem que fazes aos teus e que é uma homenagem a todos os que já partiram das nossas vidas, por uma ou outras razões.
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