Não vou deixar passar este dia sem dizer sobre ele algumas breves palavras.
Já lá vão 31 anos sobre a noite em que Duran Clemente, militar de Abril, da ala mais à esquerda do Movimento e do expectro partidário do país, cabelo e barbas compridas, semblante romântico estilo Che Guevara, como estava na moda,foi obrigado a interromper, de súbito, a sua comunicação ideológico-política, nos estúdios de televisão do Lumiar, em que usava um discurso de cariz dogmático, em obediência à Marcha Inexorável da História, e ficou de gestos patéticos, suspensos no ar, com o rosto a indagar para trás e para o lado, tentando perceber, até que a emissão foi cortada e substituída pelo filme, " O bobo da Corte ", com Danny Kaye.
Foi, sem dúvida, um corte técnico da emissão, mas também e principalmente um corte simbólico. Os " comandos ", que comutaram a emissão, em Monsanto, mudaram o rumo da História, inverteram o rumo que ela estava a tomar, em Portugal. Foi um corte que evitou que Portugal caísse nas mãos de um regime igual ou pior que o regime salazarista: o refime comunista.
Foi algo que deixou os comunistas, em particular, surpresos. Lembro-me de ver nas ruas os militantes e simpatizantes ( e há que dizer que eram muitos, muitos ... ) comunistas completamente desorientados.Não sabiam como agir. Não compreendiam o silênciio do Partido!. Como fôra possível que a ala moderada vencesse a tendência poderosa que mandava no país?!. Como era possível que um militar sem nome e sem rosto , chamado Eanes, tivesse comandado, com êxito, as operações?!.
Muita coisa há para escrever sobre o 25 de Novembro...O que se passou que inverteu a tendência dita revolucionária do regime?. Qual foi a intervenção geo-estratégica dos EUA e da ex União Soviética, em termos de negociação, para que se evitasse uma nova Cuba em plena Europa?. Que teve o destino de Angola a ver com tudo isso?...
Não sei.Mas gostava de saber.
Sei apenas que venceu a ala moderada do Movimento dos Capitães.E com a sua vitória criou-se o regime democrático em Portugal.
Quero hoje apenas dizer que fiquei contente, porque sou um amante da liberdade, embora com todos os seus defeitos.
Eduardo Aleixo
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