22 outubro, 2006

Sem dar por isso...


E sem dar por isso, estamos no final de um domingo chuvoso. E sem dar por isso, deixei para trás uma semana bem complicada, a todos os níveis. E sem dar por isso, descubro que tenho saudades dos meus amigos. Daqueles que não vejo todos os dias. E quando me telefonam ou mandam SMS aguçam a saudade.
Tinha combinado um almoço para sexta feira passada com uma amiga com quem não estou há muito tempo. Adiámos por causa do mau tempo. A ver vamos se a próxima terça feira não nos faz adiar mais uma vez este reencontro.
Gosto de estar com os amigos. É por isso que não me importo de fazer 300 km depois de um dia de trabalho para estar com amigos. É por isso que posso sempre deixar para trás tudo o resto. Aprendi que nesta vida, tudo se pode adiar... A amizade não. O carinho não. A ternura não. Conversas não. Risos não. Lágrimas não (quando são de alegria ou de emoção). O tudo, é evidentemente a rotina do dia a dia que se pode recuperar sempre, mesmo que à custa de um esforço suplementar. Para mim isto é que é a vida. Só assim vale a pena viver.
Não gosto de fazer planos. Gosto de ser apanhada de surpresa. Ainda que isso me custe um bom bocado suplementar de cansaço. Ainda assim vale a pena.
Daqui a nada começa uma nova semana. Mais 6 dias de trabalho. Mais 300 km para festejar o aniversário de um amigo. Para lhe dar um abraço bem apertado.
É assim que se faz a vida. Nem sempre foi assim. Mas os anos servem para nos ensinar. E ai de quem não aprende! Ai de quem teima em viver só do trabalho. Ai de quem não arranja tempo para olhar o mar, ler um livro, estar com os amigos, fazer as coisas de que gosta... aquilo que nos dá prazer.
Ainda bem que não sou burra de todo! A vida é aquilo que fazemos dela.
Uma boa semana para nós.

1 comentário:

Anónimo disse...

O antepenúltimo parágrafo do teu texto, repositório dos ensinamentos da vida, vale a pena sublinhar, é um poema de ternura, de verdade, de lucidez...
Concordo comovidamente.
O cansaço que nos fica no corpo depois desses 300 quilómetros é preferível, mil vezes preferível, à rotina, aos encontros formais, oficiais, tradicionais, e outros que tais.
Olha, só não cabe bem nos ensinamentos da vida, e na bandeira do amor que já vi que a vida te deu e que bem mereces, aquele adiamento desse encontro com a tua amiga por causa do mau tempo.
Não sabes tu que não há mau tempo quando estamos com os amigos?
Que o melhor tempo é aquele que está?!
Também não gostei da referência que fazes,na parte final do texto, embora sem má intenção, ao bicho burro, neste caso burra, e isto não só porque os burros estão em vias de extinção, mas também porque sempre os adorei, sempre achei as caras dos burros, neste caso das burras,ou burra, muito bonitas e meigas e muito inteligentes, em suma: nunca achei que os burros fossem burros.