16 outubro, 2006

O Outono está a mostrar-se realmente, com cheiro a Inverno. Pois... eu sei que tenho mau feitio e que a chuva é necessária, o frio também, etc., etc., etc.... Mas não gosto e pronto. Não gosto de frio. Não gosto nem da ideia de pensar na quantidade de roupa que preciso vestir no Inverno para me sentir minimamente confortável. É uma canseira!
Gostaria que lessem o poema do Eduardo Aleixo no comentário a "Um sonho tolo como todos os sonhos..." Acho-o lindo! Porque não te dedicas, agora que tens mais tempo, a compilar o que escreveste ao longo dos anos? Já me disseste que não sabes se tem valor. Mas se alguma coisa nos toca, se um pequeno poema como este faz vibrar uma corda dentro de mim, então podes ter a certeza que vale a pena. E pensa naquela proposta que te fiz a semana passada sobre o blog... com carinho e muita ternura.
A propósito da lei sobre a despenalização da gravidez, vi há pouco no telejornal da RTP1, uma menina de 12 anos que é mãe de um bebé de meses. Só percebeu que estava grávida quando já estava no quinto mês de gestação... Isto acontece em Portugal, no século XXI! Uma criança cuida de outra criança. Diz que está feliz e eu acredito. E espero que continue a sentir-se feliz, porque não conheço outra maneira de se ser mãe, senão esta. Mesmo quando os filhos nascem sem serem programados, se forem amados, tornam-se desejados como se tivessem sido planeados. E espero que o país que permite que existam crianças que nada sabem de sexo e só descobrem que estão grávidas passados 5 meses, se sinta minímamente responsável e ajude tanto a criança que se tornou mãe aos 12 anos como a sua família, para que ela possa continuar a estudar e viver minimamente o resto da sua infância e adolescência, ainda que seja agora obrigada a tratar de um bebé de verdade em vez de fingir que trata de um boneco. Esta menina tem o mesmo direito a viver uma vida feliz do que outra qualquer. Não tem que "carregar " um filho como quem carrega um fardo ou um pecado. E o engenheiro que até vai fazer campanha pelo "sim à despenalização", (continuo sem perceber porque não resolveu já este assunto, sendo um homem tão corajoso como dizem...), veja lá o que pode fazer para ajudar esta menina, o seu filho e a família que, ao contrário de muitas, não lhes voltou as costas.
E por aqui me fico que, se tivesse juízo não teria saído da cama! Mas nada de alarmes eu estou bem melhor... só um pouco preguiçosa... "lazy" é a palavra. Existe e eu também tenho direito à preguiça. Um dia destes falamos disso.

4 comentários:

Anónimo disse...

Também vi essa notícia, até fiquei emocionada!A menina ainda não deve ter tomado consciência que a criança não é um boneco.

Anónimo disse...

Ainda bem que estás melhor, o nosso "estaminé" não é o mesmo sem ti.

Anónimo disse...

Embora não as mereça de todo ( só um bocadinho...) quero agradecer-te com ternura as tuas palavras amigas e ternas.
Ou melhor: quem te vai agradecer é a criança que continua viva em mim, conforme podes ler no seguinte apontamento poético:

ESPELHO

Sempre que me curvo sobre o espelho da minha idade/
Revejo lá bem longe/
Como estrela expectante/
Cintilando sobre as alegrias e tristezas/,
Sobre as derrotas e as vitórias/
Dos anos que passaram/
Aquele meu rosto do tempo
Em que era pequenino/
(Barco de inocência/
Olhos limpos como as águas/
Proa firme e remos vigorosos/
Rumando aos portos imaginariamente seguros...).

Então digo-lhe:
-Estamos ainda vivos.
Os teus sonhos ainda não se concretizaram/
Mas não vamos desistir...

Ou então:

-Olha que nos enganámos nos sonhos,/
Ou eles nos enganaram,/
Não sei!.../
Mas há mais sonhos, muitoa sonhos...

Então a criança sorriu/
Como se fosse o primeiro dia do Mundo...

Eduardo Aleixo
( 25/01/2000)

Anónimo disse...

Começo também a achar que deveria mostrar os "seus escritos" a alguém que os possa publicar. Pelo menos já tem duas leitoras. E para começar não é nada mau!!!