17 outubro, 2006

Caros "concidadões"



Senhores,
dizia a Clara Ferreira Alves no Eixo do Mal do último sábado, que cada vez mais, as pessoas deixarão de se manifestar nas ruas e passarão a usar os blogs para demonstrar o seu descontentamento. A verdade é que se gritar me aliviasse eu iria, como muita gente, para os estádios ver futebol ou ficaria frente à televisão vendo jogos e torcendo-me e acendendo velinhas e gritando golo de cada vez que a minha equipa marcasse. Mas como este nunca foi o meu estilo de desabafar, ainda bem que tenho o meu tempo é quando para não ter que procurar ajuda psicológica. Tenho a certeza que neste momento os senhores já teriam conseguido que eu arranjasse uma depressãozinha para pagar umas taxazinhas que estão fazendo falta para remendar o orçamento do estado.
Falemos então de coisas sérias. Falemos da "justiça" dos senhores na apresentação do orçamento para 2007. Uma coisa é verdade e a verdade é para se dizer: nunca falaram em justiça social; usaram sempre o termo "justiça fiscal". Faço-lhes justiça.
O engenheiro é perito em jogar com as palavras. Julgo que muita gente da área de letras se admirará com o que este homem que tirou um curso de ciências faz com as palavras. É na realidade um político. Tem todas as "qualidades": é palavroso quando lhe convém, é mentiroso, gosta de meter a mão nos bolsos de quem deixa (os mais pobres, como sempre, porque com os ricos não se mete ele, que não é parvo: "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é parvo ou não tem arte"), enfim, o homem nasceu para isto. Só me lixa que tenha que levar com um tipo que não contribuí para eleger. Porque se o tivesse feito, a esta hora já estaria morta de arrependimento.
Pois só para dizer aqui que acerca dos ajustamentos deste orçamento para 2007 em relação aos solteiros é uma treta. Partir do princípio que todos os "solteiros" afinal são casados é uma injustiça de todo o tamanho. E não é argumento. A máquina fiscal tem todas as condições para identificar os verdadeiros solteiros. Basta verem quantos contribuintes existem na mesma morada. Não seria assim tão difícil pois não? Mas dava trabalho... ai isso dava. Mas o facto é que é preciso cumprir o que se prometeu à CEE. Então inventa-se uma treta e chama-se "justiça fiscal". Vá lá que não se atreveram a chamar-lhe justiça social, pelo menos que eu tivesse ouvido!
Quanto aos deficientes com rendimentos superiores a € 500 é outra injustiça. Se querem fazer justiça, usem o nível de deficiência de cada um conjugado com o rendimento. Mas isso dava um bocado de trabalho não é, meus senhores? E ninguém vos paga para isso, não é? Pois é! Pagamos (pelos vistos mal) para nos sugarem até ao tutano.
Quanto à nova taxa para a ADSE, devo aqui dizer que, tendo 3 filhos, estive 17 anos sem direito à ADSE... quer dizer, paguei sempre mas não podia usar, por me recusar a abrir uma conta na Caixa Geral de Depósitos que é uma instituição neste país, que considero que sempre teve uma máquina pesada, lenta e pouco transparente. Como vivo num país democrático, não achava justo ser obrigada a ter uma conta numa instituição em que nunca confiei. Como tal, cá por mim, a ADSE deve-me uma quantiade de "massa". Toda aquela que gastei com a saúde dos meus filhos à minha conta! Dirão que foi porque quis. Foi sim senhor! Mas eu sou daquelas que "antes quebrar que torcer"

1 comentário:

Anónimo disse...

No meio da prisão
Onde todos aceitam
uma falsa liberdade
Só os loucos dizem:
"Estamos presos".
( Poema escrito na era marcelista...pré-socrática!)

Eduardo Aleixo

PS: vivam os loucos.