Aquele namorado que tinha
um nome
bom: há quanto tempo foi?
A vida resvalante como
gelo
e aquele namorado de nome bom
e férias, ficou perdido em luz,
mais de
vinte anos.
Deu-me uma vez a mão
um beijo resvalante à hora de deitar
e na pensão. Mas tinha um nome bom,
falava de cinema e calçava de azul
e um
bigode curtinho,
que escorregou aceso como
gelo
no centro da pensão.
Rasguei as cartas dele
há quinze anos, em
dia de gavetas
e de luz, e nem fotografia me
ficou
de desarrumação. Mas tinha um nome bom,
falava de cinema e calçava de azul
e resvalou-me quente como gelo
à hora de
deitar:
um namorado sem falar
de amor
(que a timidez maior
e o quarto dos meus pais
nessa
pensão
no mesmo corredor)
(Ana Luisa Amaral)
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