06 setembro, 2006

Para sempre


(Para o meu avilo Eduardo, mano velho, com toda a ternura de que ainda sou capaz)

Tudo o que eu fiz (fizer) hoje, é pensando em ti... desde que li o teu sms, a minha cabeça encheu-se de recordações antigas e modernas, de tantos momentos que passámos juntos... Entre nós a cumplicidade é tão grande... bem maior que a cumplicidade de qualquer casal que eu conheça... porque nós não somos um casal. Somos muito mais: somos amigos de todas as horas, mas sobretudo das horas más... nas minhas horas piores tu estiveste presente. Sempre.
E é por este sentimento que hoje eu me sinto tão estranha. Imagino que estejas triste e te sintas só, por muito acompanhado que estejas... estás noutro país, noutro continente... e a solidão das grandes decisões pesará talvez mais do que se estivesses por aqui... ah como eu queria abraçar-te neste momento, dar-te colo... como eu queria que tu soubesses que eu estou aí, contigo, seja o que for que decidas fazer da tua vida... porque se os conselhos servissem de alguma coisa, seriam vendidos a peso de ouro... mas tu terias a melhor ouvinte que conheces, não é? E muitas vezes é apenas aquilo de que precisamos: alguém que nos ouça.
E as pessoas andam cada vez mais ocupadas a ouvir-se a si mesmas, não achas?Toda a gente fala. Mas não serve de nada. É como escrever livros que não são lidos. De que servem?
Ah, meu avilo... que saudades do tempo em que nos conhecemos... de todos os maus bocados, sempre apoiados um no outro, embora tu pensasses nessa altura que era eu quem te amparava... Mas era um boomerang, um vai-vem... Quantos amigos fizemos juntos? Todos partiram da minha vida... mas tu não! Despareceste por um tempo é verdade... mas não descansaste enquanto não me encontraste. Sempre foste muito bom nisso. Encontras toda a gente que te interessa.
Tu que toda a vida procuraste proteger-me, o meu gigante bom, o homem prático... que ninguém conhece como eu! Hoje deixaste-me sem chão. Porque como certas mentiras que à força de serem repetidas se tornam verdade, a tua verdade, à força de me ser repetida ano após ano, tornou-se para mim uma mentira. E por isso o choque foi imenso. O coração doeu-me! Uma daquelas dores que eu não tinha há tanto tempo, porque passei a resguardar-me de tudo o que me possa magoar. Apanhaste-me de surpresa. Por mais incrível que pareça. Completamente desprevenida. E não quero que te sintas só, não quero que te magoes, quero-te de volta, para te abraçar com muita força.
Há pouco tempo tivemos uma das nossas noites de confidências (e copos)! E as nossas vidas estão cheias de momentos como esses. E eu não quero que isso acabe... nunca! Por muitas pessoas que passem pelas nossas vidas, por muitas paixões que nos avassalem, serás sempre, sempre, o meu amigo... o meu avilo... para sempre!

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