Um homem e uma mulher. Ambos condenados por homícidio a mais de 20 anos. Os crimes que os levaram ao presídio pouco importam aqui.
O que importa: um homem e uma mulher.
Um dia o homem, vê uma reportagem na televisão e impressiona-se com a mulher que aparece no pequeno écrã. A estória dela comove-o e decide escrever-lhe. E durante muito tempo a escrita passa a ser a sua maior aliada contra a solidão.
Quando regressa à cela ao fim da tarde fica feliz quando o espera uma carta dela.
Passado um ano ele pede-lhe namoro. Ela está prestes a dizer "não". Não confia nos homens para uma relação amorosa. No entanto, sob conselho de uma "colega" acaba por aceitar.
Estão casados há seis anos. A "noite" de núpcias só a tiveram passados mais de cinco anos. Só estão juntos uma vez por mês, durante 3 horas. Mas estão felizes... o resto do tempo têm lindas cartas de amor um do outro... com coraçõezinhos desenhados como se de dois adolescentes se tratasse... é assim o amor. E quem deixa de o sentir desta maneira "adolescente" deixa de sentir a magia daquilo a que chamamos amor.
Um ponto que me impressiona sempre nestas reportagens feitas com reclusos: eles tratam-se por "colegas". Mas colegas de quê? Para mim serão mais companheiros de infortúnio.
Outro ponto que me impressionou: estou diante de dois assassinos... Não! Estou frente a frente com um homem e uma mulher predestinados ao infortúnio e que se servem dos laços de ternura para darem a volta à vida.
Benditas cartas de amor. Aqui para nós, são das poucas coisas de que não consigo desfazer-me... Das minhas "cartas de amor".
1 comentário:
Também fiquei impressionada com a história de amor desse homem e dessa mulher.O facto de estarem privados de liberdade e o facto de terem tão pouco tempo para desfrutarem da sua intimidade, certamente lhes proporciona momentos inesquecíveis.
As cartas de amor caíram em desuso! É uma pena!O cheiro,o toque do papel,as letras, umas certinhas, outras desengonçadas, enfim, o ritual que envolve a escrita e a recepção de uma carta de amor é inanarrável!
Também guardo algumas, poucas, mas muito importantes para mim!
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